Como muitos outros dias comemorativos o “Dia nacional do Arqueólogo” não foi escolhido à toa. A comemoração refere-se à data 26 de julho de 1961, dia em que foi sancionada a Lei 3.924 de proteção ao patrimônio arqueológico brasileiro. Para saber mais sobre ela clique aqui.
Embora a profissão ainda não seja regulamentada no nosso país, a classe, para muitos, é representada pela Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), da qual, por enquanto, faço parte e que embora tenha sido criada para fins científicos ela, na figura de suas diretorias, tem estado à frente das questões políticas relacionadas com a disciplina, sendo a voz da maioria dos associados.
Eu de boas limpando alguns ossos. Foto: Almir Brito Jr.
A Arqueologia brasileira sinceramente não está em sua “Era de Ouro”, apesar da abertura de vários cursos, especialmente de graduação (e eu sei que ainda tem muito professor e alunos de pós-graduação preocupados em falar mal de tais cursos em congressos regionais e que quando visita os mesmos rasga a maior seda) eu sinceramente não sinto muita melhora em termos de preservação do patrimônio arqueológico brasileiro (sem falar da nossa jovem Instrução Normativa. ui!). Muita coisa mudou sim, em especial nos últimos sete anos, muita gente está se empenhado para modificar nosso quadro, mas o que parece é que as pessoas estão perdendo o foco ou simplesmente entrado em certo estado de inércia. Espero muito estar enormemente enganada.
Mas eu também não sou flor que se cheire, já fiz parte de representação estudantil, contudo me desvinculei totalmente de qualquer debate depois que entrei no mestrado o qual, não escondo para ninguém, foram os dois anos mais frustrantes da minha vida. Jamais desmerecerei movimentos de estudantes, até porque conheci muitas pessoas realmente engajadas e que até hoje mantém seus ideais, mas por outro lado o choque entre egos me incomodava muito e como não tenho muita paciência para ver showzinhos pulei fora e até hoje não sinto mais nenhum interesse em participar de discussões, até porque percebi que esta “síndrome de Narciso” alcança até mesmo docentes.
Entretanto, apesar desta nuvem negra que me incomoda tanto na Arqueologia eu ainda estou orgulhosa em perceber que cada vez mais estamos nos desvencilhando de discursos colonialistas, dando destaque também para os excluídos socialmente, os “sem passado” e os “sem futuro”.
Senhor João registrando em entrevista para a Contextos Arqueologia as suas memórias de como era a cidade de Itabaianinha-SE em sua juventude.
Por isso feliz dia para todos os meus colegas! Que continuemos dando voz para aqueles que se foram e para a história apagada das palavras, mas que está presente ainda na história oral e nos registros arqueológicos.
E para aqueles que estão sempre tentando fazer a diferença: Tenho muito orgulho de vocês. Igualmente desejo um feliz dia!