Uma missão de arqueologia do Instituto Oriental da Universidade de Chicago descobriu em Tell Edfu um complexo administrativo que remonta do final da 5ª Dinastia (Antigo Reino). A equipe é composta por pesquisadores dos EUA e do Egito sob a coordenação da Dra. Nadine Mueller e o Dr. Gregory Marward.
Foto: Ministry of Antiquities
O Secretário Geral do Conselho Supremo de Antiguidades, Mostafa Waziri, disse que no momento esse complexo administrativo é a evidência arqueológica mais antiga encontrada em Tell Edfu. Até então a mais velha era datada da metade da 6ª dinastia.
A equipe trabalha nesse local desde 2014 e os pesquisadores estão bastante contentes com a descoberta. Um dos motivos é porque a construção possui evidências de expedições reais que foram organizadas durante esse período e que tinham como objetivo extrair minerais e pedras preciosas do Deserto Oriental. Esses mesmos edifícios foram usados como armazéns para os produtos e mercadorias dessas expedições e constituem o que na época era um recém-fundado bairro de assentamentos na antiga cidade de Behdet (Edfu)
Foto: Ministry of Antiquities
Essa construção é do tipo monumental e foi feita com mudbrick (um tipo de tijolo de barro) e está próxima do Templo de Edfu, que foi construído séculos mais tarde, durante o Período Ptolomaico.
Foto: Ministry of Antiquities
Vários artefatos e algumas inscrições foram encontrados. Dentre eles estão 220 selos de tijolos de barro do rei Djedkaré Isesi (que ordenou uma famosa expedição a Punt), fragmentos de atividades de mineração, nomes dos trabalhadores que participaram de escavações (a exemplo do comandante Sementio) e obras mineiras. Também foram encontradas conchas do Mar Vermelho e potes advindos da Núbia (atual Sudão).
Foto: Ministry of Antiquities
Descobertas paralelas:
Próximo a Edfu também foram realizadas pesquisas. Na área de Kom Ombo estatuetas (tanto de deuses como de pessoas) foram encontradas. Assim como uma estela de pedra calcária que descreve um homem e sua esposa apresentando ofertas para uma deidade sentada
Após uma longa espera finalmente os leitores e seguidores do site Arqueologia Egípcia podem assistir ao primeiro episodio (ou melhor: episódio piloto) da nossa série “Deuses do Egito Antigo“.
Neste capítulo é feito um apanhado bem geral sobre as divindades desta icônica civilização. É basicamente uma prévia para preparar vocês para a nossa primeira série oficial:
No último dia 02/11 a Nature publicou uma matéria anunciando que físicos descobriram um espaço vazio dentro da Grande Pirâmide de Gizé, a última das 7 Maravilhas do Mundo Antigo de pé. De acordo com a matéria, esse espaço foi encontrado através da detecção de múons (MARCHANT, 2017).
A Grande Pirâmide foi o túmulo do faraó Khufu (Queóps), que reinou durante a IV Dinastia (há cerca de 4500 anos) e foi feita com pedra calcária e granito. Em seu interior foram encontradas câmaras, que foram descobertas, na contemporaneidade, no século 19. Elas compreendem a “Câmara da Rainha” e a “Câmara do Rei” que fica abaixo de uma série de saletas chamadas de “câmaras de descarga” ou “câmaras de alívio”, feitas justamente para aliviar o peso da construção (Imagem 02).
Imagem 02: Planta lateral da Grande Pirâmide (Khufu). Foto: DODSON, Aidan. As Pirâmides do Antigo Império (Tradução de Francisco Manhães, Maria Julia Braga, Carlos Nougué). Barcelona: Folio, 2007. pág. 78.
Não se sabe exatamente como esta estrutura de 138 ou 139 metros foi construída, mas indícios arqueológicos, inclusive um papiro encontrado em 2013 e exposto no Museu Egípcio do Cairo, dão algumas dicas.
A pesquisa que encontrou esse espaço vazio foi realizada pelo Scan Pyramids Mission, um grupo de cooperação Internacional que entrou em ação no Egito no final de 2015.
Em outra ocasião foi comentada aqui no AE que anomalias já tinham sido identificadas na Grande Pirâmide. Mas, que talvez não fosse uma nova câmara, como muitos gostariam, podendo ser uma rampa ou uma grande rachadura, na pior das hipóteses [1]. Por esse motivo o Ministério das Antiguidades do Egito deu a permissão para continuidade dos estudos:
A primeira fase do projeto já passou, onde os pesquisadores fizeram a calibragem dos equipamentos e identificaram algumas anomalias térmicas. Porém, não é possível interpretar corretamente o que são tais anomalias que tanto podem se tratar de uma possível câmara, talvez uma rachadura e ou até mesmo nada. É exatamente por este motivo que a equipe está empregando a união de diferentes ferramentas, pois, uma poderá complementar o “defeito” da outra, ou seja, unidas poderão disponibilizar dados mais consistentes (e consequentemente mais fáceis de interpretar) do que se fosse utilizado somente um equipamento.
Lembrando que já são conhecidas câmaras nas pirâmides, mas a ideia deste projeto é conhecer detalhes estruturais do edifício e se existem salas isoladas.
No caso desse “grande vazio” identificado ser mesmo uma câmara dificilmente ela estaria abarrotada de artefatos arqueológicos. Entretanto, essa talvez seja uma oportunidade de saber mais sobre a construção das pirâmides do Platô de Gizé.
Como esta pesquisa foi realizada
Múons são partículas subatômicas semelhantes ao elétron, porém com uma massa maior. A identificação deles no ambiente que envolve uma estrutura arqueológica permite localizar espaços vazios. Isto porque as partículas de múons são parcialmente absorvidas pelas pedras, ou seja, seriam identificadas uma grande concentração de múons em um espaço como o de uma rachadura ou uma sala escondida desconhecida.
E foi esse tipo de concentração notada sobre o “Grande Corredor” (Também chamada de “Grande Galeria”), próximo a um condutor de ar (Imagem 03). A sugestão dada no artigo da Nature é que este espaço possui cerca de 30 metros de comprimento e que teria sido identificado por três análises diferentes.
Imagem 03: “Scan Pyramids Mission”
Controvérsia nos meios de comunicação
Após o artigo da Nature a mídia, em vários países, veiculou erroneamente que este achado se trata de uma “câmara oculta”. Entretanto, o Ministério das Antiguidades demostrou seu descontentamento com o artigo através de um comunicado de imprensa. A queixa é que os pesquisadores tinham dado o anúncio precipitadamente sem consultar o comitê científico do órgão: a preocupação tem relação com a forma desleixada do anuncio ser dado, já que espaços ocos na Grande Pirâmide há anos não é uma novidade (FORSSMANN, 2017).
De acordo com o arqueólogo Zahi Hawass, por exemplo, a Grande Pirâmide por si só é cheia de vazios. E a arqueóloga Kate Spencer, da Universidade de Cambridge, salientou que esse vazio identificado pela a equipe do Scan Pyramids Mission poderia ser uma rampa interna para mover os blocos na época da construção. Essas rampas já são conhecidas na Grande Pirâmide e elas tanto poderiam ser vazias ou ligeiramente preenchidas (FORSSMANN, 2017). Por isso, é precipitado lançar um anúncio sobre o que certamente já existiria como se fosse uma grande novidade e pior ainda já pressupor que são câmaras.
A pesquisa é real, os dados são reais, mas a mídia está criando uma situação desnecessária desenvolvendo a ilusão de que esta é a descoberta do século, única e revolucionária. Na mesma medida a pseudociência tem encarado isso como uma prova de que “câmaras ocultas” juntamente com “mistérios místicos” serão reveladas (KILLGROVE, 2017). Contudo, é uma ideia que sugere a existência de um “mistério” onde provavelmente não existe.
Em uma época de pós-verdade, em que cada usuário da internet cria suas próprias teorias sem se preocupar com as pesquisas feitas durante anos, muitos são os egiptólogos que salientaram sobre a existência de espaços vazios na Grande Pirâmide. Porém, escrever “espaços vazios” é menos instigante para o público do que “câmaras ocultas”.
Desta forma, o grande mérito dessa pesquisa não é a descoberta em si, mas o avanço das ferramentas que proporcionam estudos mais avançados em sítios arqueológicos (KILLGROVE, 2017).
O Egito Antigo é alvo de muito fascínio ao redor do mundo. Diferentes pessoas advindas de diferentes culturas sempre se encantam pela terra dos faraós e consomem diversos materiais sobre o tema. Entretanto, entre alguns o amor a esta antiga civilização vai além e vira o desejo de se tornar uma profissão.
Existe uma disciplina chamada Egiptologia, que trata do estudo do passado egípcio (dando maior destaque aos períodos anteriores a dominação romana). Sumariamente europeia, ela nasceu após a invasão napoleônica em 1798, sendo desenvolvida após a decifração dos hieróglifos egípcios por Jean-François Champollion (1790-1832). Foram então os franceses e paralelamente os ingleses quem, a priori, monopolizaram os estudos do passado egípcio seja possuindo as maiores cadeiras de Egiptologia, ou comandando as principais missões de Arqueologia do país. O Serviço de Antiguidades por exemplo, que atualmente atende por Supremo Conselho de Antiguidades (e que está dentro do Ministério das Antiguidades) foi criado em 1858 e até 1953 sua direção esteve nas mãos de franceses.
Mas, com os últimos desenvolvimentos da disciplina o comando do estudo da Egiptologia tem saído da Europa e ido para potências americanas tais como Estados Unidos e Canadá e orientais, a exemplo do Japão. E somado a isto está o investimento em educação por parte de países em desenvolvimento, levando cada vez mais jovens a se interessar em seguir o seu sonho em uma carreira na Egiptologia.
Egiptólogos em ação.
Contudo, para aqueles que vivem em países que não possuem uma cadeira na área, a exemplo do Brasil, seguir esse interesse profissional está mais para um sonho do que realidade. Isto porque não dependem somente de fatores sociais, mas de professores disponíveis ou dispostos a orientar. Assim, é possível entender a pressão para que o aluno procure por universidades estrangeiras.
Ainda demorará alguns anos para que o Brasil tenha uma cadeira em Egiptologia. Felizmente alguns passos já estão sendo dados como a realização de cada vez mais cursos de extensão e palestras voltadas não só para acadêmicos, mas também para o público curioso. Assim como mais conclusões de cursos defendidas, artigos publicados e o mais notável: trabalhos que estão saindo do eixo Rio de Janeiro/São Paulo. Sem contar as participações em escavações em sítios arqueológicos egípcios (neste caso para quem tem interesse na Arqueologia).
O estudante brasileiro em uma graduação ou em um mestrado interessado em trabalhar de forma acadêmica o Egito Antigo encontrará várias dificuldades em seu caminho. E certamente no futuro não trabalhará diretamente na área, dependendo assim da sua formação base como historiador ou arqueólogo. É a realidade pura e simples. Alguns tentaram realizar o seu sonho e outros desistirão por conta das dificuldades financeiras, ou da ausência de apoio por parte da família ou mesmo de seus próprios pares.
Parece que estou criando um cenário pessimista, mas, o que eu quero realmente com este texto é que vocês estudantes mantenham os pés no chão. Nos últimos anos pessoas na TV e na internet têm tentado nos vender a ideia de que se você for perseverante e trabalhar duro conseguirá realizar os seus sonhos. Entretanto, existe certa mentira aí. Sonhos não se realizam somente com suor e lágrimas, infelizmente necessitam também de capital e suporte dos pares. Sem contar os muitos “nãos” no meio do caminho. Por isso, caso queira se aventurar em estudar academicamente o Egito Antigo no Brasil lembre-se que terá que tratar com diferentes situações a curto ou a longo prazo desde dificuldades financeiras a ausência de auxílio.
Mesmo sabendo disso você quer tentar? Se sua resposta é “não” nós que estamos nesta batalha há mais tempo entendemos totalmente. O meio acadêmico não é fácil o por vezes pode ser um território tóxico. Mas, se for sim: bem-vindo! Você possivelmente passará por momentos ruins, mas tente ter um grupo de apoio. O meu está sendo a minha família, alguns amigos e professores. Qual seria o seu?
Para saber mais:
No canal do Arqueologia Egípcia existe uma playlist onde respondo questões dos leitores. Já respondi algumas relacionadas com a Egiptologia. Se for do seu interesse clique aqui para assistir ou veja abaixo:
Ontem (30 de setembro de 2017) foi anunciada a descoberta de uma cabeça de uma estátua do faraó Akhenaton, que reinou durante o Novo Império, 18ª Dinastia. O achado foi feito por uma missão egípcia-britânica que encontrou o artefato na cidade de Minya, mais especificamente em Amarna, onde o rei governou o Egito em sua recém-criada capital, Aketaton.[1][2]
Através de um comunicado de imprensa o arqueólogo britânico Barry Kemp, professor de Egiptologia na Universidade de Cambridge e diretor da missão, explicou que a cabeça foi encontrada durante as escavações arqueológicas no Grande Templo de Aton. O artefato é feito de gesso e possui 9 centímetros de altura, 13,5 de largura e 8 centímetros de comprimento.[1][2]
Foto: MSA (Divulgação)
Akhenaton é famoso por ter elevado o deus solar Aton a divindade principal e ter mudado a capital do país de Tebas para Aketaton. Por este motivo o secretário geral do Supremo Conselho de Antiguidades, Mustafa Waziri, classificou esta descoberta como “importante”: “não só porque pertence a um dos reis mais importantes do antigo Egito, mas também porque abre a cortina dos segredos da antiga cidade de Tel Amarna, que é única em sua arte e religião.”[1]
Um homem poderoso comandando é uma coisa; uma mulher poderosa é outra bem diferente.
— ‘Nefertiti: O Livro dos Mortos’, Nick Drake, página 150.
Escrito por Nick Drake, “Nefertiti: O Livro dos Mortos” (Nefertiti: The book of Death) é o primeiro livro da série policial protagonizada pelo detetive Rahotep. Baseado em cenários e alguns personagens reais, a história se passa durante o final da 18ª dinastia (Novo Império), mais especificamente na época do reinado do faraó Akhenaton. Narrado em primeira pessoa o enredo conta a história de Rahotep, um integrante incomum da medjay que faz uso de técnicas de investigação bem anormais para o contexto do Egito Antigo e que por conta disso é acionado pelo faraó Akhenaton para resolver um mistério: o desaparecimento da rainha Nefertiti.
Sabendo qual a sua missão e que tem um tempo curto para resolver tal enigma— e que se falhar não somente ele, mas a sua família sofrerá uma terrível punição — Rahotep se aprofunda cada vez mais na vida da realeza, suas crenças, hipocrisias e mundo de aparências. E paralelamente passa a conhecer mais sobre a personalidade da rainha sumida e sua importância para a manutenção do equilíbrio político no reino.
— Esta cidade, este mundo novo esplêndido e iluminado, este futuro glorioso. Tudo parece glorioso, mas está construído sobre areia. Todos estão determinados ou são forçados a acreditar nisso para torná-la possível. Mas sem ela, sem Nefertiti, não é possível acreditar nisso. Não é verdadeiro. Não vai funcionar. Vai desmoronar.
— ‘Nefertiti: O Livro dos Mortos’, Nick Drake, página 85.
O mistério do sumiço de Nefertiti faz Rahetep enfrentar vários perigos mortais e sofrer experiências incomuns. A partir do momento em que ele entrevista os indivíduos que fizeram parte do convívio dela muitos tornam-se suspeitos em potencial e a cada página parecem ter algo a esconder ou a proteger, mesmo que sejam somente interesses pessoais.
Nick Drake. Foto: Divulgação.
Nascido em Londres em 1961, Drake além de escritor de mistérios é poeta e dramaturgo. Estudou na Universidade de Cambridge e trabalhou em vários projetos envolvendo outros artistas e cientistas. Seu primeiro livro envolvendo o Egito Antigo, Nefertiti: Book of the dead, foi publicado pela primeira vez em 2006. Nesta época ele foi indicado para o prêmio Crime Writers’ Association Best Historical Crime Novel (Melhor Romance Histórico Policial da Associação de Escritores Policiais) e atualmente está sendo adaptado para a TV por Patrick Harbinson, produtor de Lei e Ordem: Unidade de Vítimas Especiais, Homeland, 24 Horas, dentre outros.
O universo criado por Drake nos apresenta um Egito Antigo quase convincente e factual. O que está explicito é que ele realmente se dedicou a estudar variados aspectos essenciais das sociedades egípcias do faraônico, mas incluindo muitos pontos da nossa e várias licenças poéticas, como vocês poderão conferir mais a diante. Ele conseguiu trabalhar com esse conhecimento e recriar um egípcio do faraônico sem parecer artificial; Nós estamos o tempo todo com o Rahotep, estamos em sua cabeça e conferindo suas anotações, ou seja, nós estamos na antiguidade egípcia.
Confira a resenha em vídeo deste livro no canal do Arqueologia Egípcia no Youtube; muitas das pontuações que não estão aqui estão presentes no vídeo, então assista-o para ter uma abordagem mais completa.
O que chama a atenção na obra é que Drake não cria um Egito Antigo místico, bucólico e saudosista a exemplo de muitas criações que trazem o tema, onde os leitores são apresentados a um personagem principal prefeito e belo, extremamente inteligente ou com outras qualidades superiores quanto. Aqui o escritor apresenta um Egito mais próximo da realidade, partindo do ponto de vista de alguém da população comum que precisa por comida na mesa, educar seus filhos e tem seus próprios pensamentos sombrios e pouco belo do mundo. Rahotep tem uma inteligência única, contudo, é vulnerável, tem suas dúvidas existenciais, mas, não busca por respostas na religião.
E foi aí que fiz a coisa mais difícil da minha vida. Vestindo minha melhor roupa de linho e com minhas autorizações na pasta, fiz uma breve libação para o deus da casa. Orei com sinceridade incomum (pois ele sabe que não acredito nele), por sua proteção e pela proteção de minha família.
— ‘Nefertiti: O Livro dos Mortos’, Nick Drake, página 17.
E como cenário para o desenvolvimento da trama temos o afamado Período Amarniano apresentado aqui como caótico, à beira de um colapso, onde há a escassez de alimentos e o faraó não está em bons termos com os sacerdotes de Tebas. É fato que o faraó Akhenaton se desvinculou do culto a Amon para se dedicar ao deus primordial Aton. Contudo, o caos social pelo qual o Egito passou naquela época está mais próximo de uma propaganda política negativa posterior. Não que a população não tenha sofrido em vários momentos, mas, ao que parece não foi tão diferente do que no reinado do seu pai, Amenhotep III.
Para aqueles que leram o livro, mas não conhece a história egípcia ou a conhece de forma artificial é preciso realizar uma apresentação geral do que ocorreu na época em que o faraó Akhenaton viveu: Como já citado, o deus Aton era uma divindade primordial, sendo um dos aspectos do deus Rá. Recebeu pouca atenção dos faraós, em especial durante o Novo Império, quando o patrono da cidade de Tebas, Amon, tornou-se o deus principal se tornou. Tebas, a princípio, era uma cidade pequena, mas que foi alçada a capital após a invasão dos hicsos e a reunificação do Egito por parte dos seus príncipes devotos a Amon. Como consequência, templos a este deus foram erguidos e o seu clero enriquecendo.
Akhenaton. Foto: Rena Effendi.
Décadas mais tarde, com a chegada do reinado do faraó Amenhotep III os sacerdotes de Amon já eram extremamente poderosos e o rei percebeu que algo necessitava ser feito. Assim, começou a dar espaço para outras divindades, entre elas Aton. Porém, foi com o reinado do seu filho que as coisas se tornaram mais radicais: Nascido Amenhotep IV, Akhenaton construiu um pequeno templo a Aton dentro do templo de Amon em Luxor e posteriormente transfere a capital para a recém-criada cidade de Aketaton. Lá muda o seu nome e passa a cultuar somente Aton.
Inaugurada no Ano 6 (e não no Ano 12, como afirmado no livro), Aketaton é uma das primeiras cidades planejadas da antiguidade. Foi nela onde três das seis filhas do rei com Nefertiti nasceram (as outras três foram em Tebas) e onde Akhenaton faleceu após 17 anos de reinado.
Nos seus sítios arqueológicos foram encontrados vários registros da família real executando tarefas religiosas ou em simples momentos de deleite. Na maioria destas obras tanto Akhenaton — assim como a sua esposa e suas filhas — foi representado com feições excêntricas (crânios alongados, braços longos, coxas bem roliças e seios proeminentes). Estas características artísticas levantaram alguns debates sobre a possibilidade de que a família possuísse alguma deformidade, mas com o avanço dos estudos da Arqueologia Egípcia a maior probabilidade na atualidade é que essas representações sejam um discurso político onde o rei queria se representar especial, diferente da população comum.
Nefertiti, Akhenaton e uma de suas filhas prestando homenagens a Aton. Foto: Wikimedia Commons.
Retornando a obra, além de Akhenaton e Nefertiti os leitores são apresentados a outros personagens históricos reais tais como Mahu (chefe de polícia), Meryra (Sumo sacerdote de Aton), Horemheb (general), Ay (Sacerdote Pai Divino, Escriba Real, Intendente dos Cavalos e mais outros títulos honoríficos), Tiye (Rainha Mãe), Kiya (esposa secundária de Akhenaton), as filhas de Nefertiti, Tutmosis (escultor) e Nakht[1]. Porém, todas as situações em que eles estão envolvidos e suas personalidades são totalmente fictícias, não tomem como realidade histórica. São acontecimentos criados pelo autor unicamente para a sua trama.
E falando em criação para a trama, abaixo elenquei alguns pontos que são puros equívocos do Drake:
Os equívocos:
Vários dos objetos apresentados na obra não existiam no Egito Antigo, entre eles os livros, pipas, cabides, guarda-roupas, chafarizes, chaves e trancas. Outros erros é dar certas utilizações para determinados objetos que não condizia com a realidade, como, por exemplo, os papiros. Na trama eles são utilizados como folhas de diários e para os desenhos das crianças. Mas, na realidade eles eram utilizados para registros mais específicos tais como julgamentos, testamentos, formulas religiosas ou contos. Para anotações do dia a dia o que eram utilizados eram os ostracos.
E em dado momento é citada uma certa sociedade secreta chamada “Sociedade das Cinzas”. Isso também é fruto da imaginação de Drake para atender a sua trama.
Os acertos:
Logo nas primeiras páginas o Rahotep fala sobre a neve “no Norte”. Ele não fala exatamente o lugar, mas no Egito já teve ocorrência de neve, a exemplo da virada de 2014 para 2015, quando nevou justamente no Norte do país. Foi uma ocorrência incomum cujo precedente advindo da Antiguidade egípcia é desconhecido, mas nunca se sabe… E em outra das reflexões do personagem ele nos conta de algo que se comentava em sua juventude, de que há muitos anos o Egito era mais verde. Não sei se é plausível a memória oral viver tanto, mas muitos milênios antes do Egito ser unificado o território era muito mais arborizado, com grandes lagos e animais que no faraônico só podiam ser encontrados na África central. Para quem tem curiosidade em saber mais pesquise sobre a “caverna dos nadadores”, uma caverna localizada em Gilf Kebir que possui registros rupestres com cerca de 10 000 anos onde são retratadas pessoas nadando.
Agora, entrando no âmbito de profissões, o nosso investigador Rahotep é um medjay. Eles não só existiram como era um corpo militar responsável pela segurança e a ordem no Egito. Já a profissão de detetive em si não existia, entretanto, as investigações eram geridas pelos próprios medjays. Porém, como não existia ainda os Direitos Humanos as inquirições dos casos mais graves usualmente eram feitas com depoimentos dados após seções de tortura. Não existiam protocolos e no ato do julgamento somente uma pessoa dava o veredito. Alguns casos poderiam chegar até o faraó, entretanto, isso não garantia uma resolução justa.
E algumas vezes é citada a hereditariedade do cargo de sacerdote: Naquela época o mais comum era os filhos assumirem os cargos de seus pais, isso em todos os aspectos da sociedade.
O escultor Tutmosis (Tutmés), já citado rapidamente aqui, faz um passeio com o protagonista por seu ateliê. Lá mostra algumas cabeças de gesso com faces realistas. Elas também existiram e, por acaso, foi ele quem esculpiu o famoso busto da rainha Nefertiti.
Imagem de Nefertiti escupida por Tutmosis (Tutmés). Foto: Nile Magazine.
Rahotep fala de uma mulher nua em um momento de lazer em uma piscina. A nudez não era repreendida, não era um tabu. Este tipo de cena muito provavelmente era mais comum do que nós imaginamos. Ele também comenta sobre a cerveja e o vinho; sobre este último salienta que em seu jarro está gravado o ano de sua confecção e procedência. Isso também poderia ocorrer.
E uma informação que pode parecer incomum para alguns é o deposito de olhos de vidro em corpos de múmias. E sim, a bibliografia confirma a existência deste ato. Outros costumes e artefatos citados no livro realmente existiram tais como:
☥ O manto de leopardo: usualmente vestido por altos-sacerdotes;
☥ Muletas: utilizadas por vezes como uma representação de poder entre líderes militares;
☥ A existência de Cinco Nomes para o faraó;
☥ A rainha dar de amamentar: era incomum (este era o papel das amas-de-leite), mas é possível que Nefertiti tenha amamentado suas filhas;
☥ Lápis de mesdemet: lembra os nossos atuais lápis de olho. Já falei sobre eles aqui no AE (clique aqui para ler);
☥ Mutilação do rosto para tornar a pessoa irreconhecível no além: isso era feito principalmente com as estátuas e desenhos parietais;
☥ Barcos de junco: que por acaso era o meio de transporte mais comum;
☥ Os arqueiros núbios para a segurança do faraó: inclusive o faraó Tutankhamon, que reinará anos após a morte de Akhenaton, terá um grupo de elite trabalhando para ele;
☥ Meninas como noivas e meninos como reféns: era uma tradição comum no Egito as princesas de países dominados casarem com o faraó e os príncipes serem criados com a alta realeza egípcia dando uma falsa ideia de “irmandade”.
☥ Sacrifício do boi com chifres enfeitados: Este animal enfeitado poderia ser oferecido em sacrifício aos faraós.
☥ Cuxe (Kushe) como sendo a “mina de ouro” do Egito: o ouro que abasteceu o Egito era retirado, principalmente, do atual Sudão, onde antigamente estava localizado o reino de Kushe;
☥ Tempestade de areia: eram, e ainda são, bastante comuns no Egito. A mais perigosa é chamada de khamsin.
Ankhkheperura é citada no livro?
Este é um pequeno spoiler. Recomendo que você prossiga somente se já leu todo o livro:
Clique aqui para ler o spoiler
Em um determinado momento Rahotep lê um texto que termina com a seguinte frase: “Quando alcançares o que procuras, verás que é uma mulher. Seu símbolo é a vida.” (página 184). Não sei se foi proposital por parte do Drake, mas existiu entre os reinados de Akhenaton e Tutankhamon o reinado de uma pessoa chamada Ankhkheperura Neferneferuaton. Por muito se achou que ela seria o rei Ankhkheperura Smenkhara. Entretanto, alguns egiptólogos acreditam que Ankhkheperura seria, em verdade, uma mulher e que esta poderia ter sido Nefertiti. O “ankh” (Ankhkheperura) significa “vida”.
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Considerações finais:
“Nefertiti: O Livro dos Mortos” é um livro pouco usual no sentido de que não se apega a um Egito místico, tão comum em obras orientalistas. E apesar de não ter despertado muito o interesse dos booktubers (não encontrei nenhuma resenha) é uma obra que aconselho, em especial para quem gosta de enredos que envolvam mistérios e romances policiais. Embora eu particularmente não tenha achado os acontecimentos finais tão interessantes estou muito empolgada para começar a ler a sua continuação, o “Tutancâmon”.
A Editora Record ainda não demonstrou (ao menos não publicamente) interesse em trazer o volume final, Egypt: The Book of Chaos.
Esta é mais uma edição do “Respondendo Perguntas” dos explorers. Espero sanar parte da curiosidade de vocês acerca de temas nem tão acadêmicos assim tais como a minha tatuagem (que são hieroglifos), minha monografia e como se familiarizar com a leitura de temas históricos.
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O site Aegyptologus liberou o primeiro volume da sua revista digital de divulgação científica. A publicação conta com onze artigos e duas resenhas (Uma sobre o livro “Gramática Fundamental de Egípcio Hieroglífico” e a outra sobre “Uma Viagem pelo Nilo”).
No geral vocês encontrarão textos escritos por acadêmico sobre religião egípcia, questões sociais tais como matrimônio, diferenças de “classes” e gênero, espaços funerários e língua egípcia.
Todos os meses recebo mensagens dos leitores pedindo ajuda para aprender a traduzir hieroglifos egípcios. Porém, não sou filóloga e o pouco que sei é o básico da leitura. Contudo, como este é um pedido recorrente de vocês me esforçarei um pouco e além da divulgação de cursos sobre o tema começarei a dar dicas de leituras básicas aqui. Já saliento que não ensinarei a traduzir hieroglifos, até porque não sou capacitada, mas quem sabe no futuro venha a existir um quadro no AE sobre o assunto.
Outra dica de leitura (e que dessa vez é gratuita) é o artigo “Escrevendo em hieróglifos”, do pesquisador Moacir Elias Santos (clique aqui para baixar). Na verdade acho que é muito válido ler esse material primeiro e depois partir para a gramática, já que é um ótimo conteúdo introdutório.
E você? Já deu início aos seus estudos de tradução de hieroglifos egípcios? Como está sendo a sua experiencia? Conta para a gente!
Quando os primeiros exploradores europeus chegaram ao Egito em busca dos seus tesouros arqueológicos — fossem eles estátuas, imagens parietais, sarcófagos e, claro, joias — descobriram que todas as tumbas reais tinham sido saqueadas em algum momento da antiguidade[1]. Desta forma, foi uma surpresa quando nas décadas de 1870-80 artefatos com nomes de faraós e alguns dos seus parentes começaram a aparecer no mercado de antiguidades (DAVID, 2011).
Os registros dessa época somente passam uma ideia geral dos acontecimentos, mas, temos ciência de que a polícia egípcia, após algumas investigações, chegou até um homem chamado Ahmed Abd er-Rassul, que àquela altura era suspeito de violar sepulturas antigas (O’CONNOR et al, 2007).
Ahmed em frente a tumba. Foto disponível em REEVES, 2008.
Apesar de ter sofrido um duro interrogatório — que incluiu tortura — Ahmed negou a acusação. Porém, um parente seu, um senhor chamado Mohamed, o denunciou para as autoridades e revelou de onde estavam saindo os artefatos: eles tinham sido encontrados dez anos antes, em 1871, em uma sepultura da época dos faraós, que possuía vários corpos (HAGEN et al, 1999; O’CONNOR et al, 2007; DAVID, 2011). A revelação foi um grande choque, em especial porque quando os arqueólogos entraram no lugar descobriram que dentro dos caixões estavam pouco mais de 40 múmias [2] e algumas delas eram as de grandes personalidades do passado tais como Ahmés-Nefertari, Seti I e Ramsés II (O’CONNOR et al, 2007).
A sepultura, cujo dono é desconhecido — parte dos egiptólogos estão divididos entre Inhapi ou Ahmose Merytamen —, foi construída próximo ao templo mortuário da faraó Hatshepsut, em Deir el-Bahari, literalmente do outro lado do Vale dos Reis e possui dois corredores e duas câmaras. Por conta da sua localização a priori foi catalogada como DB320 (Deir el-Bahari 320), mas na atualidade ela é chamada de TT320 (Tumba Tebana 320).
Ilustração representando Gaston Maspero em frente da tumba.
Localização da sepultura do ponto de vista dos templos mortuários de Hatshepsut e Mentuhotep. Fonte: Wikimedia.
Entrada da TT320. Fonte: Wikimedia.
Apesar da magnitude do achado o arqueólogo responsável pela remoção dos corpos e dos artefatos, Emil Brugsch (1842 – 1930), não realizou nenhum registro do sítio (O’CONNOR et al, 2007), algo que é impensável nos dias de hoje. Isso acaba comprometendo as análises futuras e consequentemente retira as chances de conseguir respostas para questões feitas atualmente acerca do sepulcro e das múmias e artefatos depositados lá dentro.
Entrando na Sepultura:
Para entrar no tal sepulcro, Brugsch precisou descer um poço com uma corda e passar por uma abertura com cerca de um metro de altura. O primeiro ataúde que viu pertencia a um sumo-sacerdote e mais adiante encontrou mais outros três. Necessitou avançar passando por um corredor com algumas pequenas antiguidades e seguiu por um pequeno lance de escadas até uma saleta. Foi lá que, sob a luz de velas, encontrou enormes ataúdes e em alguns deles com o nome de grandes faraós. Mais tarde ele declarou:
“Percebi a situação com o ofego e apressei-me a sair ao ar livre a fim de não me deixar vencer pelo o que via e que o glorioso achado, ainda não revelado, se perdesse para a ciência” [3] (O’CONNOR et al, 2007, p. 23).
Após esta saleta existe mais um corredor que leva até a câmara mortuária onde estavam mais corpos.
Temendo mais saques ele contratou cerca de 300 homens e embarcou todos os objetos em embarcações com destino ao Cairo. Mas, não foi uma viagem silenciosa: ao longo do Nilo homens atiravam com seus rifles para o céu e as mulheres lamentavam alto, um sinal de respeito e luto pelos antigos governantes falecidos. Já no Cairo a resposta foi menos respeitosa: na alfândega o funcionário responsável pelo recebimento da carga registrou as múmias como ” peixe seco” (O’CONNOR et al, 2007).
Autópsia e análise das múmias:
Tempos depois da chegada dos corpos, Gaston Maspero (1846 – 1916), supervisor geral do Serviço de Antiguidades, liberou as autópsias — que no caso das múmias é o que chamamos comumente de “desenfaixar” —. O primeiro faraó a passar por esse processo foi Tutmés III. As bandagens do Rei já tinham sido perturbadas em outro momento pelos Abd er-Rassul, que fizeram um buraco no seu peito. Quando os arqueólogos abriram o restante do envoltório encontraram a múmia quebrada na área do pescoço e nas pernas (O’CONNOR et al, 2007).
Múmia de Tutmés III ainda coberta. Na área do seu peito está um buraco, feito por saqueadores.
Dias depois foi a vez de Ramsés II, que ao contrário do seu antecessor longínquo estava inteiro, em perfeito estado de conservação, inclusive contendo cabelos. Ramsés II tinha sido posto em um sarcófago de madeira que o identificava através de inscrições escritas em negro (O’CONNOR et al, 2007).
Primeiras notas sobre a múmia de Ramsés II. Fonte: Wikimedia.
A próxima múmia possuía um enorme sarcófago bem trabalhado. Descobriu-se que o grande artefato pertenceu à Rainha Ahmés-Nefertari. Porém, quando as bandagens foram retiradas do corpo o que se seguiu foi uma surpresa desagradável. Nas palavras do próprio Maspero:
“Mas, assim que o corpo foi exposto ao ar externo, desapareceu literalmente num estado de putrefação, dissolvendo-se numa matéria escura que exalou um odor insuportável” (O’CONNOR et al, 2007, p. 25).
Existem duas fotografias que nos mostram a múmia da rainha na época em que foi descoberta, mas o destino do corpo na atualidade é incerto. De acordo com um relato da época, por conta do mau cheiro a múmia foi sepultada no interior do Museu Egípcio. Algo que não foi confirmado na atualidade e nenhuma das bibliografias consultadas deu uma resposta definitiva.
Ahmés-Nefertari. Foto: E. Smith.
Sarcófago de Ahmés-Nefertari.
Ramsés III foi o próximo, contudo, o seu rosto estava coberto por um revestimento betuminoso que escondia suas feições (O’CONNOR et al, 2007). Nos últimos dez anos o rei passou por análise que apontam que antes da sua morte ele sofreu um ataque violento que certamente teria causado a sua morte [4].
Nos dias seguintes mais oito múmias da realeza foram desembrulhadas. O arqueólogo francês Eugène Lefebure escreveu sobre esse trabalho, enaltecendo as emoções da época: “Quase todas as múmias estavam cobertas com grinaldas secas e lótus murchos que tinham permanecido intocados durante milhares de anos, e não havia melhor forma de compreender a suspensão do tempo e o freio a decomposição que ver essas flores imortais sobre os corpos eternizados” e complementou ” era a imagem de um sono interminável” (O’CONNOR et al, 2007, p. 26).
Alguns dos corpos que se encontram no sepulcro não foram identificados, outros, porém, com o auxílio de métodos invasivos e não invasivos, foram relacionados com outras múmias reais, a exemplo do “Homem Desconhecido E”, identificado através de um exame de DNA como um dos filhos de Ramsés III. Abaixo está uma tabela apontando o número de múmias e seus respectivos nomes, quando possível:
Nome
Dinastia
Título
Observações
Ahmés-Inhapi
17ª
Rainha
Irmã de esposa de Seqenenre Tao II.
Ahmés-Henutemipet
17ª
Princesa
Filha de Seqenenre Tao II.
Ahmés-Henuttamehu
17ª
Princesa
Filha de Seqenenre Tao II.
Ahmés-Meritamon
17ª
Princesa
Provavelmente filha de Seqenenre Tao II.
Ahmés-Nefertari
18ª
Rainha
Ahmés-Sipair
17ª
Principe
Provável filho de Seqenenre Tao II ou Ahmose I.
Ahmés-Sitkamose
17ª
Princesa
Provavelmente filha de Kamose, é possível que tenha casado com Ahmose I.
Amenhotep I
18ª
Faraó
Ahmose I
18ª
Faraó
Baket/Baketamon?
18ª
Princesa
Djedptahiufankh
21ª
Quarto Profeta de Amon
Casou com a filha de Pinudjem II e Neskhons, Nesitanebetashru.
Duathathor-Henuttawy
21ª
Rainha
Esposa de Pinedjem I
Isetemkheb
21ª
Chefe do harém de Amon-Rá
Irmã e esposa de Pinedjem II.
Maatkare
21ª
Esposa Divina de Amon
Filha de Pinedjem I.
Masaharta
21ª
Sumo Sacerdote de Amon
Filho de Pinedjem I.
Nebseni
Neskhos
Nesitanebetashru
21ª
Rainha
Esposa de Djedptahiufankh.
Nodjmet
21ª
Rainha
Esposa de Herihor.
Pinedjem I
21ª
Sumo Sacerdote de Amon
Pinedjem II
21ª
Sumo Sacerdote de Amon
Rai
18ª
Enfermeira Real
Enfermeira de Ahmés-Nefertari.
Ramsés II
19ª
Faraó
Ramsés III
20ª
Faraó
Ramsés IX
20ª
Faraó
Seqenenre Tao II
17ª
Faraó
Seti I
19ª
Faraó
Siamon
18ª
Príncipe
Filho de Ahmés-Nefertari e Ahmés I.
Sitamon
18ªª
Princesa
Filha de Ahmés e irmã de Amenhotep I
Tayuheret
21ª
Cantora de Amon
Possível esposa de Masaharta.
Tutmés I
18ª
Faraó
Tutmés II
18ª
Faraó
Tutmés III
18ª
Faraó
Desconhecido
Desconhecido E
Desconhecida
Possivelmente rainha Tetisheri, mãe de Tao II, Ahmose Nefertari e possivelmente Kamose.
Desconhecida
Desconhecido
Desconhecido
Desconhecido
Desconhecido
Tabela realizada de acordo com REEVS, 2008 e RICE 1999.
Resquícios de outros indivíduos, tais como sarcófagos, vasos canópicos, joias, etc, foram identificados espalhados pela tumba. Tudo o que foi encontrado posteriormente a denúncia de Mohamed encontra-se hoje no Museu do Cairo. Entretanto, os objetos saqueados pelos Abd er-Rassul jamais foram recuperados. Provavelmente atualmente estão em alguma coleção particular ou na galeria de um grande museu identificado como possuindo “procedência desconhecida”.
Referências bibliográficas:
DAVID, Rosalie. Religião e Magia no Antigo Egito (Tradução de Angela Machado). Rio de Janeiro: Difel, 2011.
MARIE, Rose; HAGEN, Rainer. Egipto (Tradução de Maria da Graça Crespo). Lisboa: Taschen, 1999.
O’CONNOR, D.; FORBES, D.; LEHNER, M. Grandes civilizações do passado: terra de faraós. Tradução de Francisco Manhães. 1ª Edição. Barcelona: Ed. Folio, 2007.
REEVES, Nicholas; WILKINSON, Richard. The Complete Valley of the Kings. London: Thames & Hudson, 2008.
RICE, Michael. Who’s Who in Ancient Egypt. 1ª Edição. Londres: Editora Routledg. 1999.
[1] Foi somente no início do século 20 que este quadro mudou com a descoberta da tumba do faraó Tutankhamon e parte do acervo fúnebre de Psusenes I
[2] Contando aqui tanto os corpos inteiros, como partes, como são o caso dos órgãos dentro dos vasos canópicos.
[3] Ele declarou isso possivelmente com medo de que as velas que o grupo carregava pudesse causar um incêndio.