A Expedição Napoleônica ao Egito: Entre guerras, conquistas e descobertas científicas

Em um feito sem precedentes, em meados de 1798, o renomado general Napoleão Bonaparte liderou uma expedição grandiosa em direção ao Egito. Uma armada monumental, composta por 13 imponentes navios de guerra, 6 fragatas, uma corveta, além de 35 naves e 30 barcos, transportava mais de 10 mil marinheiros e 35 mil soldados. Seu intento audacioso? Conquistar o território egípcio, há muito tempo sob o domínio dos mamelucos no vasto Império Otomano desde 1250.

O embate foi inevitável. Em 21 de julho de 1798, as forças francesas enfrentaram os mamelucos na sangrenta Batalha das Pirâmides, que surpreendentemente ocorreu em Imbaba, no moderno Cairo, e não no conhecido platô de Gizé, como o nome sugere. Este confronto marcou uma derrota avassaladora para os egípcios.

Entretanto, o cenário mudou drasticamente quando, em agosto de 1798, a poderosa frota francesa foi praticamente dizimada por navios ingleses em Abukir, isolando o exército francês no solo egípcio. Enquanto Napoleão enfrentava a resistência dos mamelucos e da população local, a expedição militar definhava diante dos ataques incessantes dos britânicos.

Representação da Batalha das Pirâmides.

Nesse contexto de conflitos, emergiu uma notável jornada científica. Fundado por Napoleão em agosto de 1798, o Instituto do Egito tinha o propósito de estudar e divulgar aspectos naturais, industriais e históricos do Egito. Destacando-se entre os membros desse instituto estava Dominique Vivant Denon (1747 – 1825), cujas meticulosas anotações e desenhos, publicados em “Viagens no Alto e Baixo Egito” em 1802, alcançaram enorme sucesso.

Denon e outra centena de acadêmicos desempenharam um papel crucial na formação da Arqueologia Egípcia, meticulosamente catalogando, desenhando e documentando monumentos e sítios arqueológicos. Suas descobertas e descrições foram compiladas na monumental obra “Descrição do Egito”, cuja impressão ocorreu entre 1809 e 1828.

Apesar do inegável valor histórico da expedição científica, esta acabou servindo como uma espécie de contraponto ao fracasso militar da invasão ao Egito. Em 1801, a França se rendeu à Inglaterra, encerrando assim tanto a jornada militar quanto a científica. Como Napoleão mencionou mais tarde em suas memórias, essa aventura representou a “glória das armas associada à descoberta científica”. Seu legado — colonialista, todavia — perdura na arqueologia e egiptologia, abrindo as portas para estudos futuros sobre a antiga civilização dos faraós.

Dica de leitura:

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Fontes:

BAINES, John; MALEK, Jaromir. Deuses, templos e faraós: Atlas cultural do Antigo Egito (Tradução de Francisco Manhães, Maria Julia Braga, Michael Teixeira, Carlos Nougué). Barcelona: Folio, 2008.
SILIOTTI, Alberto. Viajantes e Exploradores: A Descoberta do Antigo Egito (Tradução de Francisco Manhães, Michel Teixeira). Barcelona: Editora, 2007.
SILIOTTI, Alberto. Primeiros Descobridores: A Descoberta do Antigo Egito (Tradução de Francisco Manhães, Michel Teixeira, Carlos Nougué). Barcelona: Editora, 2007.