Por Márcia Jamille | @MJamille | Instagram
Os hieróglifos egípcios foram desenvolvidos em algum momento entre o Período Pré-Dinástico e a Época Tinita (também chamada de Arcaica). Em verdade, existe um consenso entre os acadêmicos de que esta complexa escrita egípcia surgiu justamente durante a época de unificação do Alto e Baixo Egito.
E os nomes próprios do Egito Antigo usualmente falavam de algum aspecto do indivíduo como “A Bela Chegou”, “Aquele que Vive para Amon”, etc. Mas, os nomes dos membros da realeza tinham um adicional especial: durante os primeiros séculos da era dos faraós os nomes dos reis eram representados dentro de símbolos retangulares chamados “serekh”. Com o tempo a tradição mudou e os nomes dos reis, assim como das rainhas, princesas e príncipes passaram a ser escritos dentro do que nós convencionamos a chamar de “cartuches” palavra francesa para cartucho.
Cartuche com o nome da faraó Hatshepsut.
Por que cartuche? Por que em francês?
Esse foi um apelido dado pelos soldados franceses durante a invasão napoleônica ao Egito no século 18. De acordo com eles o símbolo oval com um tracinho em sua ponta lembrava os cartuchos das balas de suas espingardas.
Já o motivo do seu formato provavelmente tem a ver com o “shen”, símbolo da eternidade ou a amplitude do domínio real. Mas é certo que, ao contrário do que dizem alguns, nada tem a ver com o ouroboros, serpente que morde a cauda.
Serekh com o nome de Djet.
— Saiba mais: Serekh: o mais antigo abrigo conhecido para o nome real
Tal como o serekh, a finalidade de se escrever um nome real dentro de um cartuche era conferir proteção divina. Contudo, se fosse de interesse de um rival político ou um desafeto destruir a memória de um faraó, era só apagar o seu nome, não raramente juntamente com seu cartuche.
Mas o cartuche não era usado unicamente colocar um nome, mas como motivo estilístico também. Como é o caso deste porta unguento encontrado na tumba do faraó Tutankhamon: