O Egito, famoso por sua rica história e tesouros arqueológicos, está prestes a dar um passo ousado no campo da restauração de múmias antigas e restos humanos. Em uma colaboração inédita entre o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito e a Autoridade de Energia Atômica, será realizado um workshop que utilizará técnicas nucleares, radiológicas e de inteligência artificial (IA) para preservar e documentar esses artefatos valiosos. A iniciativa promete revolucionar a abordagem de conservação e oferecer uma perspectiva não invasiva para o estudo do patrimônio egípcio.
O evento de três dias contará com a participação de especialistas do Ministério do Turismo e Antiguidades, da Autoridade de Energia Atômica e da Faculdade de Arqueologia da Universidade do Cairo. Durante o workshop, os cientistas explicarão detalhadamente as tecnologias empregadas e como elas podem ser aplicadas na restauração de múmias e restos humanos.
Os laboratórios da Autoridade de Energia Atômica dispõem de equipamentos de última geração, capazes de examinar e analisar os restos humanos sem causar danos. Isso permitirá que os restauradores trabalhem com maior precisão e conhecimento, preservando a autenticidade desses artefatos milenares.
O papel da Inteligência Artificial:
A Divisão de Inteligência Artificial da Autoridade de Energia Atômica desempenhará um papel crucial nesse projeto inovador. A IA auxiliará os restauradores em suas tarefas, facilitando o processo de conservação e permitindo métodos não invasivos para examinar as múmias, protegendo assim o patrimônio do Egito.
A diretora do Departamento de Restauração de Múmias, Rania Ahmed, destacou a importância da tecnologia de IA nesse campo e como ela acompanha os desenvolvimentos científicos mais recentes. Além de auxiliar na restauração, a IA também será empregada em outras áreas, como preparação de vídeos e até mesmo reconstrução de rostos.
O workshop oferecerá sessões de treinamento para os profissionais envolvidos, familiarizando-os com o uso da IA no campo da restauração. Serão revisados programas específicos que auxiliarão os restauradores na avaliação dos processos de restauração antes mesmo de iniciar os trabalhos.
Um aspecto notável dessa iniciativa é a possibilidade de usar um programa especial em um laptop ou iPad para fotografar e configurar os ossos disponíveis dos restos mortais. Essa abordagem tornará as tarefas de restauração mais eficientes e precisas, garantindo a proteção do patrimônio egípcio para as gerações futuras.
Não é a primeira vez que a arqueologia faz uso de inteligência artificial em seus trabalhos. Um dos mais recentes é no auxílio da tradução de textos mesopotâmicos, como explico neste vídeo do Arqueologia pelo Mundo:
Fonte:
In a first, Egypt to use AI in mummy restoration. Disponível em < https://www.egyptindependent.com/in-a-first-egypt-to-use-ai-in-mummy-restoration/ >. Acesso em 24 de julho de 2023.