Uma missão arqueológica conjunta entre o Conselho Supremo de Antiguidades do Egito e a Universidade de Tübingen, da Alemanha, descobriu um espaço inexplorado no Grande Templo de Athribis, um templo ptolemaico localizado a cerca de 7 km de Sohag, no Alto Egito.
Essa descoberta é mais uma peça fundamental no entendimento da rica história do Egito Antigo, especialmente do período ptolemaico, marcado pela mistura de tradições egípcias e influências gregas.
Um Tesouro Escondido em Athribis
Athribis, que já foi parte do 9º nomo do Alto Egito, abriga um complexo arqueológico vasto, com 30 hectares que incluem templos, necrópoles e até pedreiras. Desde 2003, a missão arqueológica liderada por Christian Leitz, em colaboração com o Ministério Egípcio de Antiguidades, tem se dedicado a escavar e documentar as representações e textos iconográficos do local.
Embora escavações anteriores tenham sido realizadas, incluindo as do famoso arqueólogo Flinders Petrie no início do século XX, um terço do templo permanecia inexplorado. Até agora.
O templo, que originalmente possuía torres de entrada com 18 metros de altura, lembra as proporções impressionantes do Templo de Luxor. Hoje, restam cerca de 5 metros de altura, mas as escavações recentes trouxeram à tona relevos detalhados e inscrições hieroglíficas que identificam o local como datado do reinado de Ptolomeu VIII (século II a.C.).
Entre as descobertas estão representações do rei oferecendo sacrifícios à deusa Repit (representada como uma mulher com cabeça de leoa) e ao deus-criança Kolanthes, seu filho. Essas imagens revelam a importância religiosa do templo e sua conexão com as divindades locais.
Um dos momentos mais surpreendentes da escavação foi a descoberta de uma câmara até então desconhecida na torre norte do templo. Para acessá-la, os arqueólogos removeram um bloco de teto de 20 toneladas utilizando tecnologia moderna e métodos tradicionais. Dentro da sala, de 6 metros de comprimento por quase 3 metros de largura, foram encontrados utensílios usados no templo e ânforas, indicando que o espaço foi um depósito em diferentes períodos.
Legado Ptolemaico
As inscrições reveladas não só destacam a relevância de Ptolomeu VIII na construção do templo, mas também sugerem a presença de sua esposa, Cleópatra III. Este detalhe conecta o templo a uma das dinastias mais icônicas da história egípcia, marcada por nomes como Cleópatra VII, a última rainha do Egito.
Além do templo, a missão em Athribis já desenterrou mais de 30.000 ostracas inscritas em demótico, copta e hierático, revelando aspectos da vida cotidiana, religião e administração da época.
Esse trabalho é financiado pela Fundação Alemã de Pesquisa, permitindo um estudo detalhado das descobertas.
Fontes:
Project Athribis (DFG)
Egyptologists suspect cliff sanctuary in Athribis
Discovery of a New Ptolemaic Temple at Athribis in Sohag