Templo construído por Ramsés II (Ramsés: O Grande) está sendo restaurado

Entre o fim e o início do ano, costuma ser a época ideal para pesquisas arqueológicas no Egito, principalmente por conta das condições climáticas mais amenas. Naturalmente, é nesse período que surgem muitas novidades sobre estudos de Arqueologia em andamento neste país. As pesquisas realizadas nessa época costumam estar ligadas às escavações arqueológicas ou a trabalhos de restauro em templos e tumbas. E recentemente um dos projetos anunciados é a restauração de um dos templos do faraó Ramsés II: o Ramesseum, localizado na margem oeste do rio Nilo, na cidade de Luxor.

A importância histórica do templo

Ramsés II governou durante a 19ª Dinastia e, seguindo a tradição, mandou construir um templo funerário para a preservação de sua memória. O Ramesseum, no entanto, não foi dedicado apenas ao faraó, mas também ao deus Amon-Rá, a divindade mais importante da época.

Estátua de Ramsés II no Templo de Luxor. Créditos: Mohammed Moussa, via Wikimedia Commons

O templo foi construído praticamente na fronteira entre o vale do Nilo (a terra fértil) e o deserto. Apesar de estar em ruínas, por conta de uma série de terremotos que ocorreram nos tempos antigos, o templo funerário de Ramsés II é um dos mais bem conservados do Egito. Ainda é possível ver parte do edifício, especialmente o seu salão colunado. As escavações arqueológicas revelaram que o templo tinha vários aposentos destinados aos trabalhadores do local, assim como estábulos e armazéns. Este último ainda é visível hoje, feito com tijolos de barro e teto em forma de arco. Ele também possuía dois pátios e um dos grandes destaques são as estátuas do rei, onde ele é representado em uma forma osiríaca.

Ramesseum. Foto: Marc Ryckaert (Wikimedia Commons)
Ramesseum. Foto: Olaf Tausch (Wikimedia Commons)

Como o grande propagandista que era, as paredes de seu templo também precisavam contar histórias. No interior do edifício, vemos narrativas religiosas, mas no exterior podemos encontrar narrativas de acontecimentos históricos (ou parcialmente históricos), como a Batalha de Kadesh. Essa foi uma batalha real entre egípcios e hititas que, apesar de terminar em um “empate”, com direito à assinatura de um acordo de paz, no Egito Ramsés II foi representado como o grande vitorioso.

O restauro:

O Conselho Supremo de Antiguidades, órgão responsável pela fiscalização das pesquisas arqueológicas no Egito, anunciou que a restauração do Ramesseum será realizada em parceria com a Universidade Nacional do Patrimônio Cultural da Coreia. O objetivo é revitalizar e proteger o templo, além de preparar algumas áreas para a visitação turística.

Durante o processo, partes danificadas serão desmontadas, restauradas e reinstaladas, seguindo rigorosos métodos científicos. O trabalho incluirá estudos topográficos, levantamentos arquitetônicos, fotografia e escavações na região do pilone — a grande fachada de entrada típica dos templos egípcios. Os arqueólogos esperam identificar blocos de pedra que originalmente faziam parte da estrutura.

Reconstruindo a história

O projeto também busca compreender melhor os processos de construção do templo e analisar suas gravuras. Essas inscrições serão comparadas com outras descobertas feitas na região, na esperança de montar um autêutico quebra-cabeça arqueológico. No Egito, é comum encontrar blocos de templos reutilizados em outras construções e este é o caso do templo funerário de Ramsés II, por isso os pesquisadores esperam conectar essas peças para reconstruir a história do Ramesseum.

Ramesseum. Foto: Steve F-E-Cameron (Wikimedia Commons)

Até o momento, escavações iniciais já revelaram parte das fundações do templo. E nos próximos meses, ou anos, é provável que novas descobertas sejam feitas, e eu, claro, trarei todas as novidades para vocês!

Fontes:

Comienza la restauración de un templo erigido por Ramsés II en Luxor. Disponível em < https://www.elespectador.com/el-magazin-cultural/comienza-la-restauracion-de-un-templo-erigido-por-ramses-ii-en-luxor/ >. Acesso em 1 de fevereiro de 2025.