A múmia de Tutankhamon pegou fogo? Quais são as histórias curiosas que rondam o “faraó-menino”?

Desde sempre, eu tenho vontade de ser arqueóloga e simplesmente não sei dizer de onde veio esse desejo. Porém, no que diz respeito à Egiptologia, o meu interesse surgiu depois de assistir a um documentário sobre o Egito Antigo, principalmente após conhecer a história de Tutankhamon. Posso dizer, com todas as palavras, que conheço vários detalhes da vida dele, mas nada disso me preparou para os mitos que circulam na internet sobre sua figura. E é sobre alguns desses mitos que vou comentar aqui.

Tutankhamon. Foto: Museu Metropolitano de Artes

A múmia pegou fogo espontaneamente?

Não que múmias egípcias sejam lá o maior exemplo de beleza, afinal de contas, estamos falando de corpos ressecados. No entanto, a aparência de Tutankhamon, precisamos reconhecer, é bem peculiar. Ele apresenta um aspecto enegrecido e quebradiço, com várias partes do corpo faltando. E a ciência tem uma explicação para isso: o corpo do “faraó-menino” está carbonizado.

Isso, aparentemente, gerou algumas teorias na internet de que o corpo dele teria entrado em combustão espontânea (e vou confessar que essa história me pegou de surpresa!). Mas a realidade é bem mais simples. O que foi descoberto é que seu corpo foi carbonizado por conta da resina betuminosa que cobriu suas bandagens. Graças ao ambiente quente do Egito, a forma como o cadáver foi guardado e ao excesso de resina, o material acabou esquentando e, pouco a pouco, queimando a pele e os músculos do rei.

Um fim trágico para o corpo daquele que foi um dos soberanos mais famosos da Antiguidade.

Cabeça de Tutankhamon apoiada por uma flor de lótus

Tutankhamon tinha problemas para se locomover?

Outra questão que sempre aparece quando falamos de Tutankhamon são as tais características físicas “peculiares” descobertas por exames de tomografia e DNA. Durante anos, especulou-se que ele tivesse problemas de saúde: coluna curva, perna frágil e até um “pé chato”. Mas a ciência segue revisando essas informações. Afinal, o estado da múmia não é dos melhores.

Tutankhamon e a rainha Ankhesenamon

Então, sobre essa história que circula na internet, o que posso dizer é que ainda se trata de algo inconclusivo, já que muitos pesquisadores não chegam a um consenso, justamente por conta da condição do corpo do rei.

A tumba tinha uma maldição?

Quem nunca ouviu falar da “maldição do faraó”? Aquela história de que depois da abertura da tumba em 1922, vários membros da equipe de escavação adoeceram ou morreram misteriosamente? Então, isso seria coincidência ou vingança do além? Pois bem, a realidade é que muitas dessas mortes foram de pessoas que não tinham nenhuma relação direta nem com a tumba e muito menos com a descoberta.

Tutankhamon e a rainha Ankhesenamon

Essa foi uma narrativa criada por jornais da época, ávidos por vender qualquer coisa relacionada à descoberta de uma tumba praticamente intacta de um faraó. Por mais que a ideia de uma maldição milenar seja fascinante, ela não passa de um boato criado por tabloides que pouco se importavam com a descoberta em si e que estavam muito mais interessados no lucro, mesmo que esse lucro viesse de histórias espalhafatosas.

São várias as histórias instigantes que envolvem a imagem do faraó Tutankhamon, e eu explico algumas delas com mais detalhes no vídeo abaixo. Vale a pena assistir, principalmente para não passar vergonha por aí repetindo boatos como se fossem fatos científicos ou históricos: