Arqueólogos descobriram cidade perdida no Delta do Egito!

O Egito anunciou recentemente que uma equipe de arqueologia composta por pesquisadores britânicos da Universidade de Manchester e egípcios da Universidade da Cidade de Sadat redescobriram a localização da cidade de Imet em Tell el-Fara’in (também conhecida como Tell el-Nabasha). A cidade já tinha sido registrada há algumas décadas, mas a sua localização tinha sido perdida, por isso que se trata de uma “redescoberta”. Na região a equipe encontrou uma estrutura arquitetônica feita de tijolos de barro, além de casas contendo vários andares e evidências de uma rota processional ligada ao culto da deusa cobra Wadjej, além de, claro, alguns artefatos arqueológicos.

A pesquisa está sendo liderada pelo arqueólogo Nicky Nielsen, da Universidade de Manchester, e basicamente a equipe dele utilizou imagens de satélites de alta resolução para procurar por sítios arqueológicos nessa região. E no final das contas valeu muito a pena, porque ao fazer uma série de análises do setor oriental do local, eles encontraram indícios dessa antiga cidade, que é datada como sendo de meados do Período Tardio e início da era ptolomaica.

Vista do terreno do sítio arqueológico de Tell el-Nabasha (Imet), no Delta do Nilo. Foto Universidade de Manchester.
Fragmento de parede escavado no sítio de Tell el-Nabasha (Imet). Foto Universidade de Manchester.

E uma série de coisas foram encontradas, desde uma antiga cozinha, onde foi encontrada até uma panela que ainda possuía ossos de tilápia em seu interior, além de uma travessa de barro (onde um dia pães foram fermentados). Além destas coisas mais domesticas, foram encontrados objetos ritualísticos, como uma parte de um ushabti de faiança verde, datado da 26ª Dinastia — Clique aqui e assista ao meu vídeo onde explico os detalhes da fabricação da faiança egípcia —, assim como um amuleto que está retratando o deus Harpócrates em pé, sobre dois crocodilos, com a cabeça do deus Bés acima dele. Esse objeto tinha o intuito de proteger o seu portador contra doenças, e se vocês me dão uma licença para a especulação: é possível que ele tenha pertencido a uma criança, já que o deus Harpócrates, que era basicamente o “Hórus criança” protegia as pessoas contra a picada de animais venenosos, já o deus Bés era o protetor dos bons sonhos, dos partos e das crianças (no vídeo abaixo eu explico estas descobertas com mais detalhes).

Detalhe de uma cabeça de Ushabti descoberta em Tell el-Nabasha (Imet). Foto Universidade de Manchester.

E um dos pontos mais interessantes dessa pesquisa é a descoberta das “casas torres”, que eram edifícios com vários andares projetados para receber muitas pessoas. Esse tipo de edifício não era comum em toda a região do Egito, estando mais situado na região do Delta, desde o Período Tardio até a Época Romana. E além desse tipo de habitação, a equipe de arqueologia também encontrou celeiros e cercados para animais, o que denota que essas pessoas possuíam um sistema de armazenamento, o que sinceramente era muito comum em todas as cidades do Egito Antigo.

Amuleto mostrando o deus Harpócrates em pé sobre dois crocodilos, com a cabeça do deus Bés posicionada acima. Foto: Universidade de Manchester.

Estas são descobertas feitas do lado oriental do sítio, mas quando a equipe passou para o lado ocidental, encontraram um grande piso de calcário. Também foram encontradas enormes colunas feitas de tijolos de barro que, de acordo com as análises, certamente eram revestidas de gesso. E essas estruturas que foram encontradas, possivelmente faziam parte do que parece ter sido um templo ou um edifício cerimonial… A verdadeira natureza deste lugar é desconhecida, mas é certo que este suposto templo passou por uma série de reformas e ampliações (o que era muito comum na antiguidade egípcia) principalmente patrocinadas pelos faraós Ramsés II (1279-1213 a.E.C.) e Amásis II (570-526 a.E.C.). Porém, durante a época de dominação persa, é provável que o santuário desse templo tenha sido saqueado, onde roubaram não só seus tesouros e estátuas, mas também as pedras que compunham ele, ou seja, ele foi utilizado como uma pedreira.

Cistro cerimonial encontrado durante as escavações em Tell el-Nabasha (Imet). Foto: Universidade de Manchester.

E ainda de acordo com as análises, esse local possivelmente fazia parte de um caminho processional que conectava um pilone datado do Período Tardio até o templo da deusa Wadjet, cujas ruínas ainda existem. A deusa Wadjet era a deusa serpente protetora do Baixo Egito, ou seja, a protetora da região do Delta do Egito. Mas, ainda de acordo com as pesquisas, essa rota que conectava esses templos parou de ser usada em meados do Período Ptolomaico, que é o último período da era dos faraós.

Fontes:

Manchester researchers help to uncover ancient Egyptian city. Disponível em < https://www.manchester.ac.uk/about/news/manchester-researchers-help-to-uncover-ancient-egyptian-city/ >. Acesso em 29 de Junho de 2025.

Researchers help uncover ancient Egyptian city. Disponível em < https://www.bbc.com/news/articles/c628z3y8ngmo >. Acesso em 29 de Junho de 2025.