Por Márcia Jamille | @MJamille
Os escaravelhos eram identificados pelos antigos egípcios como o deus solar Khepri (Khepra), o senhor do Sol nascente e do renascimento de Rá. Cultuado em Heliópolis, sua relação com o nascer e pôr do sol vem de uma visível analogia a um ato comum na natureza: a prática do escaravelho de fazer bolas de excremento e empurrá-las por longas distâncias. Plutarco cita isso em sua obra “Ísis e Osíris”:
(…) a raça dos escaravelhos não tem fêmea [1], são todos machos. Eles ejetam seus espermas em uma pelota redonda de material que eles saem rolando usando suas patas traseiras, do mesmo modo que o sol aparenta girar nos céus na direção oposta ao seu próprio curso, a qual é do leste para o oeste. (Plutarco; Ísis e Osíris)
A questão do “renascer” também se deve ao fato de que são nessas pelotas que eles colocam seus ovos, então tempos depois de enterrar o esterco, filhotes deste animal aparecem. Os egípcios antigos acreditavam que esse acontecimento era fruto de alguma capacidade misteriosa desses animais de nascerem do “nada”. Daí é retirada mais uma assimilação do escaravelho com Khepri, uma das formas de Atum, um deus demiurgo, ou seja, que surgiu do nada. Outra ligação estabelecida com o Sol está em sua viagem realizada enquanto empurra a bola de excremento: os egípcios associaram a bolinha sendo empurrada por esse bichinho com o Sol viajando pelo céu.
E graças ao filme “A Múmia” (1999), muita gente passou a acreditar que os escaravelhos do Antigo Egito poderiam devorar pessoas vivas. Será verdade? Confira o vídeo abaixo e conheça mais curiosidades sobre como este animalzinho era visto na antiguidade egípcia.
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