Por Márcia Jamille Costa | @MJamille
Sou uma das adeptas de que a arqueologia não só estuda os eventos mais arcaicos da sociedade, como também os contemporâneos, e quando falamos em um país mulçumano não é incomum que não nos lembremos também das práticas de terrorismo que, independente do porque é feito, só é uma ação de violência que só gera violência e maus entendidos. Assim foi em 97 e anos depois em 2001, com dois dos ataques terroristas que acabaram moldando uma face negativa sobre o islamismo.
Em 17 de novembro de 1997, exatamente há treze anos atrás, cinquenta e oito turistas e quatro nativos egípcios foram mortos em Deir el Bahari, templo mortuário da Rainha Hatshepsut (Décima Oitava Dinastia – Novo Império).
As 8h45min, seis terroristas disfarçados de militares adentraram o templo e assassinaram com facadas e metralhadoras 62 pessoas de várias nacionalidades dentre a japonesa, suíça, britânica, colombiana e alemã. A operação toda durou cerca de quarenta e cinco minutos. Após a ação os assassinos fugiram em um ônibus até o Vale das Rainhas, onde um deles foi executado a tiros por policiais do local, os demais fugiram para as montanhas tendo sido mais tarde encontrados mortos, o que levanta a possibilidade de suicídio coletivo.
A região de Luxor é uma das mais visadas por turistas, recebendo por anos milhares de visitantes interessados em conhecer o Vale dos Reis, onde foram sepultados os antigos poderosos do Egito. Deir el Bahari entra no roteiro por ser um dos templos mais belos de todo o nordeste da África. Do ponto de vista arquitetônico o templo é uma novidade uma vez que se constitui de um edifício com terraços e andares. Suas paredes serviram para narrar os pontos altos do reinado de Hatshepsut, desde o seu nascimento até suas empreitadas. Hatshepsut foi uma das poucas mulheres que se consolidaram como faraó, e a que se deu melhor em tal papel. Durante o seu governo ocorreu uma das mais importantes viagens por mar realizada por egípcios e varias obras de construção e reparação em templos de Tebas.
O massacre foi idealizado e realizado pelo o grupo terrorista Jihad Talaat al- Fath. Após a ofensiva os egípcios desencadearam manifestações em Luxor e se posicionaram totalmente contra a prática do terrorismo. Os motivos do ataque ainda hoje não são claros, mas o policiamento nas áreas turísticas dobrou e alguns dos partidos mais extremistas agora usam propostas menos radicais para chegar ao poder.
Naquele mesmo ano artistas da ópera Aída, encenada meses antes no local, retornaram a Deir el Bahari e de forma solene cantaram a peça ao lado da música tradicional egípcia em homenagem as vítimas.
Matérias consultadas:
PLETT, B. Egypt tries to understand the Luxor massacre. Disponível em: <>http://news.bbc.co.uk/2/hi/programmes/from_our_own_correspondent/34587.stm. Acessado em: 22 de Julho de 2010.
HAWLEY, C. Analysis: Islamic militants re-evaluate tactics. Disponível em: <>http://news.bbc.co.uk/2/hi/middle_east/524878.stm. Acessado em: 22 de Julho de 2010.
World Tourists massacred at temple. Disponível em: <>http://news.bbc.co.uk/2/hi/32179.stm. Acessado em: 22 de Julho de 2010.