5 mistérios modernos relacionados com o Antigo Egito

Por Márcia Jamille | @MJamille | Instagram

Que o Egito Antigo fascina muita gente não é mistério algum e o motivo já sabemos: as pessoas tendem a ter uma identificação nostálgica ou mística com esta extinta civilização, mas que ainda assim parece viva aos olhos modernos.

Neste sentido, alguns indivíduos usualmente buscam explicações espectrais ou mesmo criar toda uma lenda urbana ligadas com a antiguidade egípcia para explicar fenômenos ou tragédias. Selecionei para comentar cinco das quais achei mais interessantes:

1 – A estátua que gira:

Estátua de Neb-Sanu. 2013.
Estátua de Neb-Sanu. 2013.

Esta ocorreu este ano (2013) e tornou-se viral na internet, até recebi algumas mensagens pedindo a minha opinião acerca. A história é que os diretores do Museu de Manchester, na Inglaterra, notaram que uma das estátuas exibidas para o público encontrava-se em uma posição diferente a cada manhã e para tentar solucionar o mistério instalaram uma câmera no local para filmar o artefato noite e dia. O que descobriram é que o objeto, durante o horário de visita, estava girando e até o final das filmagens ela quase faz 180 graus.

A estátua possui 25 centímetros de altura, e pertenceu a um homem chamado Neb-Sanu, que viveu há 1800 a.E.C.. As imagens acabaram impressionado algumas pessoas. Segue o vídeo:

 

A explicação: na época em que se tornou viral, o esclarecimento dado para o fato da estátua se movimentar somente de dia é que a vibração causada pelos pés dos visitantes fizeram com que o objeto se mexesse. O que não é impossível. Se vale de alguma serventia meu próprio relato, na época em que trabalhei numa escavação arqueológica na cidade onde se encontra a Universidade em que eu estudava, passei semanas indo para o laboratório, que na época estava localizado no que diziam ser o antigo teatro da cidade. O local foi totalmente reformado, mas o chão de madeira, quando pisávamos caminhando de um lado para o outro, fazia com que uma ou outra peça se mexesse um pouco. Naturalmente não posso comparar uma peça de faiança com uma estátua de 25 centímetros feita em pedra, mas quando eu estava no local éramos três ou quatro pessoas na sala, então dá para se imaginar o que uma sala bastante movimentada pode fazer. Agora em novembro (2013) uma equipe do programa de TV “Mystery Map”, da ITV, confirmou esta suposição e completou explicando que não eram somente a movimentação dos turistas, mas a chegada e partida dos carros e ônibus próximo ao museu. Somado a isto, a base da estátua é convexa, com uma protuberância na parte inferior, o que a torna mais susceptível a vibrações do que as outras imagens da mesma prateleira.

Porém algumas pessoas preferem explicações mais espirituais. Se for este o caso, este poltergeist é no mínimo exibido. Porém, de uma coisa eu não tenho dúvidas: depois disto as visitas ao Museu de Manchester devem ter aumentado.

2 – A múmia de Ramsés se mexendo e assustando seus expectadores

Múmia de Ramsés II.
Múmia de Ramsés II.

Procurei mais na internet acerca deste ocorrido e não encontrei, então o que vou citar abaixo parte da minha lembrança de infância acerca do caso.

Esta é a história mais simples e mais fácil de ser explicada: em uma tarde qualquer de visitas o braço da múmia do faraó Ramsés II simplesmente se mexeu, assustando todos os que a observava.

A explicação: Devido à mudança de ambiente que o corpo do faraó tinha sofrido, a múmia começou a entrar em decomposição e os músculos que estavam rígidos devido à mumificação agora estavam se afrouxando, fazendo com que um dos braços começasse a se erguer. Felizmente o problema foi identificado e todas as múmias reais do Museu do Cairo ficam em recintos com a temperatura controlada.

3 – Omm Seti: a reencarnação de uma sacerdotisa egípcia

Omm Seti no templo de Seti em Abidos. O’CONNOR, David; FREED, Rita; KITCHEN, Kenneth.Ramsés II (Tradução de Francisco Manhães, Marcelo Neves). Barcelona: Fólio, 2007. P. 16.
Omm Seti no templo de Seti em Abidos. O’CONNOR, David; FREED, Rita; KITCHEN, Kenneth.Ramsés II (Tradução de Francisco Manhães, Marcelo Neves). Barcelona: Fólio, 2007. P. 16.

Dorothy Louise Eady (1904-1981) foi uma inglesa cuja história é contada e recontada em livros, revistas e sites que tratam de reencarnações, despertando a curiosidade dos mais diferentes tipos de pessoas acerca da possibilidade da existência de vidas passadas. Dorothy (que com a maturidade foi apelidada de Omm Seti) dizia que após um acidente que sofreu na infância começou a receber visitas de espíritos que lhes contavam acerca de sua vida como aprendiz de sacerdotisa no então recém-aberto templo do faraó Seti I em Abidos. Segundo contam as histórias, Dorothy, graças as suas memorias, foi capaz de auxiliar um grupo de arqueólogos a encontrar um jardim, que estava perdido, no meio das ruínas do templo. De acordo com o diário da Dorothy, ela teria sido amante do faraó e devido a isto se suicidou para guardar seu segredo.

A explicação: Em verdade as narrativas registradas no diário de Dorothy Eady raramente são contestadas, desta forma, infelizmente ninguém se dispôs a desmentir ou confirmar algumas das alegações dela, como de que embaixo do Templo de Seti I em Abidos existiria uma câmara mortuária secreta ou que o Osirion de Abidos não teria sido construído por Seti I.

4 – A Maldição de Tutankhamon

Rosto de um dos ataúdes de Tutankhamon. Fotografia tirada pela a expedição ao Egito realizada pelo o Metropolitan Museum of Art. (Ano desc.)
Rosto de um dos ataúdes de Tutankhamon. Fotografia tirada pela a expedição ao Egito realizada pelo o Metropolitan Museum of Art. (Ano desc.)

Em 04 de novembro de 1922, o arqueólogo inglês, Howard Carter, descobriu a tumba do faraó Tutankhamon. Suas pesquisas foram financiadas pelo Lorde de Carnarvon, que assegurou exclusividade acerca das novidades da descoberta unicamente para o jornal The Times. Porém, ele não pôde aproveitar muito os trabalhos no local, uma vez que acabou por falecer seis semanas depois em circunstancias pouco comuns: diz a história que ele ficou encamado devido a uma febre repentina e em seus últimos dias de vida teve alucinações em que dizia ser atacado por um pássaro que lhe “arranhava o rosto”. No momento de sua morte as luzes do Cairo se apagaram por alguns segundos e no mesmo instante sua cadela de estima, que estava na Inglaterra, deu um uivo e morreu em seguida. Desde então os jornais começaram a listar outras mortes de indivíduos ligados ao sepulcro.

Quinto Conde de Carnarvon.
Quinto Conde de Carnarvon.

A explicação: A possibilidade de que uma maldição caiu sobre as pessoas ligadas com a abertura da tumba de Tutankhamon fascinou muita gente, mas não passou de uma jogada da imprensa sensacionalista. Como o The Times detinha todos os direitos de publicação em primeira mão das notícias relacionadas com a descoberta, os demais jornais precisaram se contentar em publicar informações não exclusivas, por este motivo aproveitaram a morte incomum do Lorde de Carnarvon – que por acaso morreu devido a uma ferida infeccionada – e utilizaram as tragédias fatais que viriam a seguir para justificar uma maldição, mortes estas cujos alguns dos indivíduos nem sequer pisaram dentro da tumba. Acerca das luzes do Cairo se apagarem foi pura coincidência, na época ocorriam vários apagões de energia na cidade. A morte da cadela de fato ocorreu naquele dia, mas nunca ficou confirmado se no mesmo horário que o seu dono.

5 – A múmia que afundou o Titanic

Titanic saindo de Southampton. Fotografia original. 1912.
Titanic saindo de Southampton. Fotografia original. 1912.

Em 14 de abril de 1912 às 23h40, o até então mais luxuoso transatlântico do mundo, o Titanic, atingiu um iceberg em sua rota para a América. Dentro de duas horas e meia o navio naufragou. Dos dois mil e duzentos passageiros e tripulantes a bordo, apenas setecentas e cinco pessoas foram salvas. Foi um dos maiores desastres envolvendo vidas humanas que temos conhecimentos e como tal levantou varias suposições mirabolantes para a causa principal do seu naufrágio. Uma delas é que o Titanic transportava uma múmia, que teria amaldiçoado a embarcação.

A explicação: Li esta estória quando criança e na matéria já deixava claro que não existia múmia alguma no navio. Porém, em uma leitura posterior fiquei sabendo que a passageira Margaret Brown tinha embarcado com uma pequena coleção de peças egípcias – que não incluía um corpo dissecado -, inclusive um shabit que presenteou posteriormente ao comandante do S.S. Carpathia, Arthur H. Rostron, que socorreu os sobreviventes da tragédia que ainda esperavam nos botes salva-vidas.