Por Márcia Jamille | @MJamille | Instagram
A Margaret Bakos é uma historiadora brasileira especialista em história da antiguidade egípcia. Ela escreveu “Fatos e Mitos do Antigo Egito” (1994) tendo como objetivo abordar algumas características dessa antiga civilização.
O livro é composto por uma coletânea de 8 artigos relacionados com temas que ela chegou a abordar em congressos. A escritora não perderá tempo explicando diferenças na cronologia ou acontecimentos históricos, afinal, é um livro acadêmico em sua essência e subtende-se que o seu público-alvo já tenha alguma bagagem no assunto. Contudo, se você tem uma ideia de divisão da cronologia egípcia ou conhece algumas características básicas desta civilização muito provavelmente irá lê-lo bem.
Outro ponto que precisa ser abordado é que esta é uma edição antiga dessa obra e talvez por isso ela possua alguns problemas, a exemplo da sua diagramação e datilografia. Porém, são quesitos que é quase certo que tenham sido consertados nas edições mais recentes[1].
No 1º Capítulo ela fala sobre o processo de urbanização e a diferença entre cidade e aldeia. Ela igualmente levanta que o que antes existia entre os acadêmicos era a preocupação em se observar a organização urbana de civilizações como a Grécia e Roma, mas não do Egito.
Ela também apresenta o hieróglifo que define cidade e sua provável origem e ainda salienta que já nas primeiras dinastias houve uma preocupação em se promover a construção de cidades.
E quase que como um complemento do anterior, no 2ª Capítulo a definição de urbanidade é apresentada e é discutido se é possível aplicá-la ao Egito Antigo. Ela também levanta questões sobre ocupação espacial, destacando a diferença entre cidade e aldeia.
O 3º e 4º Capítulos são dedicados a falar sobre o papel das mulheres na sociedade, relacionando a sua posição social com a economia vigente e paralelamente com os mitos, uma vez que a organização estatal e a religião andávamos lado a lado.
No 5º Capítulo é apresentado o papel da “memória”, que era cultivada através da tradição oral e a escrita. Esta memória em questão refere-se à história dos deuses e aspectos do dia a dia como comportamento social, afazeres domésticos e como os egípcios se relacionavam com a natureza.
O 6º Capítulo é sobre o consumo do vinho. Aqui ela fala sobre a sua origem, produção e consumo, inclusive cita uma pesquisa que aponta que a vinicultura chegou no Egito durante o Pré-dinástico. Aproveitando o gancho ela explica quais outras frutas, além da uva, foram utilizadas para fazê-lo.
No 7º Capítulo ela apresenta um resumo sobre o que ocorreu durante o 4º Congresso Internacional de Egiptologia, realizado em 1991 na cidade de Turim, Itália. Este é interessante para saber quais eram os questionamentos acadêmicos na época e quem sabe até comparar com os interesses dos estudantes de hoje.
E por fim, o 8º Capítulo é dedicado a falar sobre a coleção do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Ele tem início com ela contextualizando a história do edifício em que hoje está o museu, depois parte para como foi que as peças egípcias foram adquiridas. Em seguida ela aponta quais foram os primeiros pesquisadores a catalogar as peças e a contextualiza-las historicamente e finaliza fazendo uma breve apresentação de algumas das peças mais notáveis da coleção.
Conclusão
Se você tiver interesse neste título lembre-se de comprar uma edição mais atualizada. Este volume aqui comprei em um sebo, mas é possível encontrar as edições atualizadas em grandes livrarias. Ele não será um grande complemento para quem já possui uma leitura bem madura sobre a antiguidade egípcia, mas para quem ainda está começando no meio acadêmico pode ajudar.
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Dados do livro:
Título: Fatos e Mitos do Egito Antigo
Gênero: Egiptologia
Autor: Margaret Marchiori Bakos
Editora: Edipucrs
Ano de Lançamento: 1994
Edição: 1ª Edição
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[1] É muito mais comum do que vocês imaginam a primeira edição de um livro sair com problemas. É por isso que algumas editoras encorajam os leitores a escrever para elas para apontar tais erros.