Templo de Edfu: depois de séculos, é possível ver suas cores originais!

No final de 2024 o mundo da Arqueologia Egípcia foi presenteado com uma descoberta bem interessante feita durante os trabalhos de um projeto de restauro que está ocorrendo em um dos templos mais impressionantes do Egito: o Templo de Edfu. E confesso que enquanto escrevia este texto fiquei surpresa ao perceber que eu nunca tinha abordado nada sobre esse templo por aqui ou nos meus canais no YouTube. Mas, antes tarde do que nunca, não é mesmo?

Templo de Edfu

O Templo de Edfu, localizado na margem ocidental do Nilo, ao sul do Egito, é um dos mais bem preservados do país. Construído durante o Período Ptolomaico em homenagem ao deus Hórus — representado como um falcão ou como um homem com cabeça de falcão —, o templo nos revela muito sobre a religiosidade egípcia. Hórus, filho de Ísis e Osíris, era associado ao céu e era personificado pela figura do faraó.

Estátua de Hórus no Templo de Edfu
Estátua de Hórus no Templo de Edfu

Inclusive, um destaque do templo é o espaço do santuário, onde acredita-se que havia um relicário com uma imagem dourada de Hórus.

Templo de Edfu

Apesar de ter sido construído no final da era dos faraós, a região aos arredores de Edfu apresenta vestígios de ocupação desde o Antigo Reino, que foi uma a época que podemos considerar como uma “era de ouro” das pirâmides, já que as mais emblemáticas do Egito foram construídas neste período. E sobre o templo em si, estudos mostram que ele era maior do que vemos hoje, com partes de suas ruínas provavelmente sob as construções modernas. Além disso, suas paredes exibem relevos e inscrições impressionantes, muitos ainda com suas cores originais. E dentre as informações que algumas destas inscrições podem nos passar estão listas de dotações de terras para o templo e narrativas mitológicas, como a vitória de Hórus sobre o tio-inimigo Seth.

Outro elemento fascinante são as colunas do templo, enormes e decoradas com motivos vegetais que remetem aos pântanos do Nilo, simbolizando as águas primordiais da criação. Esse tema, aliás, foi foco da minha pesquisa acadêmica, onde estudei a visão simbólica e religiosa dos ambientes aquáticos para os antigos egípcios.

Templo de Edfu

A construção do templo levou mais de um século, iniciada sob Ptolomeu III e concluída durante o reinado de Ptolomeu XII. No entanto, houve períodos de interrupção, como uma pausa de 20 anos nos trabalhos. Após a queda dos faraós, o templo foi abandonado e saqueado, mas permaneceu como um testemunho da habilidade artística e devoção religiosa dos egípcios antigos.

A descoberta durante o restauro:

Foi nesse cenário histórico que um projeto de restauração, conduzido por uma equipe egípcia-alemã, realizou uma descoberta durante os trabalhos no telhado, de onde camadas de fuligem acumuladas ao longo dos séculos foram cuidadosamente removidas, revelando cores vibrantes nas inscrições e relevos.

Uma missão arqueológica restaurou as cores do Templo de Edfu

Entre as descobertas, um texto em demótico chamou atenção. Ele descreve rituais no espaço mais sagrado do templo, onde ficava a estátua do deus Hórus e sua embarcação cerimonial. Esse relato é incomum, já que textos desse tipo eram geralmente registrados em áreas externas, sugerindo possíveis mudanças nos rituais religiosos. Além disso, os relevos apresentaram vestígios de um pigmento dourado, imitando ouro, aplicado para representar a pele divina dos deuses.

Fontes:

In photos: Edfu temple restoration project unveils painted inscriptions for first time. Disponível em < https://english.ahram.org.eg/NewsContent/9/40/531849/Antiquities/Ancient-Egypt/In-photos-Edfu-temple-restoration-project-unveils-.aspx >. Acesso em 1 de fevereiro de 2025.

O restauro do templo de Edfu revela as suas cores originais. Disponível em < https://www.nationalgeographic.pt/historia/restauro-templo-edfu-revela-cores-originais_5363 >. Acesso em 1 de fevereiro de 2025.


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