A franquia A Múmia voltou ao centro das atenções recentemente, e felizmente não está sendo apenas por pura nostalgia! E sim por conta da confirmação do interesse em um novo filme — informalmente chamado de “A Múmia 4”. Isso reacendeu o interesse do público pela saga que, teve um papel importante na popularização do Egito Antigo na cultura popular.

Lançado em 1999, “A Múmia” marcou toda uma geração. Mesmo com efeitos especiais hoje datados e inúmeras imprecisões históricas, o filme conquistou o público por ser divertido, aventureiro e por apresentar personagens carismáticos. Para muitas pessoas, inclusive, foi o primeiro contato mais intenso com temas ligados à arqueologia egípcia, ainda que filtrados pelas lentes orientalistas de Hollywood.
Com o passar dos anos, a franquia ganhou continuações, mas o terceiro filme, “A Múmia: Tumba do Imperador Dragão” (2008), acabou se tornando um ponto sensível entre os fãs. Ao deslocar a narrativa do Egito para a China e conectar a trama ao Exército de Terracota (que, sinceramente, era uma premissa sim muito interessante), o longa rompeu um vínculo e apego que o público tinha justamente com o Egito Antigo. O próprio protagonista, Brendan Fraser, revelou recentemente que a mudança não foi motivada por uma decisão puramente criativa, mas por interesses corporativos ligados à transmissão das Olimpíadas daquele ano, que ocorreu em Beijing.
Fraser afirma ter orgulho do terceiro filme como uma obra isolada, mas reconhece que ele não representou o encerramento ideal da trilogia original. É justamente aí que entra a importância de “A Múmia 4”. Segundo o ator, o novo projeto permitirá “corrigir” esse desvio narrativo de quase duas décadas, oferecendo uma despedida mais coerente para Rick e Evelyn O’Connell, os personagens centrais da saga.

Um dos pontos mais celebrados pelos fãs é a possibilidade de retorno de Rachel Weisz ao papel de Evelyn, após sua ausência no terceiro filme. A substituição da atriz e as mudanças feitas em personagens importantes, como Alex, o filho do casal, foram amplamente criticadas na época e contribuíram para a rejeição daquele capítulo da franquia.

Até o momento, as informações indicam que o novo longa não será um reboot, mas sim uma continuação direta dos dois primeiros filmes, ignorando os eventos do terceiro. A direção deve ficar a cargo de Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, da dupla Radio Silence, conhecidos por trabalhos recentes no cinema de terror. A proposta, ao que tudo indica, é equilibrar aventura, ação e um tom mais controlado de suspense, sem romper com a identidade original da saga.
O anúncio chega em um momento significativo da carreira de Brendan Fraser, que tem voltado aos holofotes de Hollywood. Paralelamente a reação do público também tem sido majoritariamente positiva.

Do ponto de vista da divulgação científica, A Múmia continua sendo um objeto interessante de análise. Apesar de falhar ao representar o Egito de um ponto de vista lúdico e orientalista, a franquia demonstra como o Egito Antigo permanece vivo no imaginário coletivo. Filmes como esse ajudam a despertar curiosidade, que pode (e deve) ser canalizada para o contato com a pesquisa arqueológica real, muito mais complexa e fascinante do que qualquer maldição cinematográfica das franquias recicladas.
Estou empolgada com esta possibilidade de retorno e de nos dar também a possibilidade de nos despedimos dos nossos personagens tão queridos. Ainda não há data de estreia definida para “A Múmia 4”, mas uma coisa é certa: o anúncio reforça o quanto essa narrativa continua relevante culturalmente. Resta saber se o novo filme conseguirá, de fato, honrar seus personagens e, ao mesmo tempo, oferecer uma aventura à altura do impacto que a franquia teve desde 1999.
