Por Márcia Jamille | Instagram: @marciajamille; Twitter: @MJamille
Tutankhamon foi um faraó que reinou durante a 18ª Dinastia, há mais de 3.000 anos e que cuja tumba foi encontrada em 1922 praticamente intacta. Dentro dela foram encontrados mais de 5.000 artefatos arqueológicos, além da múmia do próprio rei. Conheça um pouco mais sobre essa história no vídeo abaixo:
E quando finalmente foi encontrado, o sarcófago do faraó estava coberto por quatro santuários, que são o que chamamos de “féretros”. Eles basicamente são coberturas feitas com madeira e ouro contendo portas. É possível ver na foto abaixo o descobridor da tumba, o arqueólogo inglês Howard Carter, abrindo a porta de um deles:
Depois da tumba ter sido esvaziada, esses féretros foram remontados no Museu Egípcio do Cairo, onde passaram quase 100 anos sendo expostos para um público composto por turistas e acadêmicos. Saiba mais sobre a antiga exposição do faraó Tutankhamon através de um passeio virtual onde conto várias curiosidades sobre os artefatos encontrados (inclusive explico rapidamente sobre os féretros):
No entanto, com a aproximação da inauguração do Grande Museu Egípcio, o qual já comentei amplamente em vídeos do Arqueologia pelo Mundo, um por um esses féretros foram levados para o novo museu, onde foram expostos ao lado dos outros artefatos encontrados na tumba do rei.
A mudança:
Meses após receber o quarto féretro dourado do faraó Tutankhamon, que foi antecedido pelo terceiro e segundo, finalmente o Grande Museu Egípcio recebeu o primeiro (e último) féretro, que nada mais é que um santuário feito com madeira folheada a ouro e que um dia cobriu o sarcófago do rei.
As paredes e as portas do primeiro féretro apresentam inscrições do Livro dos Mortos e fragmentos do Livro da Vaca Divina e ele estava separado do segundo féretro por uma manta que possuía margaridas bordadas em ouro e bronze:
De acordo com Atef Moftah, supervisor-geral do GEM (Grande Museu Egípcio), o processo de desmontagem e a transferência do santuário do Museu Egípcio do Cairo para o seu novo lar levou oito dias de trabalho árduo e contínuo.
Nos últimos anos vários artefatos pertencentes ao faraó Tutankhamon, alguns dos quais estavam anteriormente no Museu Egípcio do Cairo e outros em museus espalhados pelo país, foram enviados gradativamente para o Grande Museu, o qual ainda não inaugurou oficialmente. A proposta é que todos fiquem reunidos em um único local com controle ambiental de temperatura, umidade e iluminação. Além de próximos de laboratórios altamente especializados em conservação de artefatos arqueológicos.
O santuário foi desmontado e remontado de acordo com critérios científicos e arqueológicos, mas ainda assim usando as mesmas técnicas usadas pelos antigos egípcios. Ele foi desmontado em 20 peças, cada uma embalada separadamente e transferidas em caixas internas e externas usando materiais livres de ácido. Eissa Zidan, diretora de restauração e transferência de antiguidades do GEM, disse que um relatório detalhado sobre as condições do santuário foi produzido antes da transferência.
Ainda que não esteja claro quando é que o Grande Museu Egípcio será inaugurado, certamente estarei de olho e contarei todas as novidades para vocês. Outro detalhe é que teremos uma série de vídeos especiais em comemoração dos 100 anos da descoberta da tumba do faraó Tutankhamon no canal Arqueologia pelo Mundo. Confira aqui o vídeo de apresentação:
Fontes:
Grand Egyptian Museum receives Tutankhamun’s biggest shrine. Disponível em < https://english.ahram.org.eg/News/471338.aspx >, acesso em 16 de julho de 2022.
O que são estes símbolos no féretro?
(1) Pela fotografia não está muito claro, mas estou apontando para uma imagem representando o Disco Solar (o Sol) com asas. Os gregos chamavam de Haroeris, que basicamente é uma denominação para o “Hórus o Velho;
(2) Aqui o que vocês estão vendo um Djed, um amuleto da antiguidade egípcia relacionado com Deus Osíris e que significava permanência e estabilidade, ou seja, estava ligado com a ideia de imortalidade;
(3) Da mesma forma que o Djed, temos aqui um outro amuleto muito ligado a contextos funerários. Trata-se do Tyet, que relacionado com a deusa Ísis, conferia proteção aos falecidos.