Ontem (30 de setembro de 2017) foi anunciada a descoberta de uma cabeça de uma estátua do faraó Akhenaton, que reinou durante o Novo Império, 18ª Dinastia. O achado foi feito por uma missão egípcia-britânica que encontrou o artefato na cidade de Minya, mais especificamente em Amarna, onde o rei governou o Egito em sua recém-criada capital, Aketaton.[1][2]
Através de um comunicado de imprensa o arqueólogo britânico Barry Kemp, professor de Egiptologia na Universidade de Cambridge e diretor da missão, explicou que a cabeça foi encontrada durante as escavações arqueológicas no Grande Templo de Aton. O artefato é feito de gesso e possui 9 centímetros de altura, 13,5 de largura e 8 centímetros de comprimento.[1][2]
Foto: MSA (Divulgação)
Akhenaton é famoso por ter elevado o deus solar Aton a divindade principal e ter mudado a capital do país de Tebas para Aketaton. Por este motivo o secretário geral do Supremo Conselho de Antiguidades, Mustafa Waziri, classificou esta descoberta como “importante”: “não só porque pertence a um dos reis mais importantes do antigo Egito, mas também porque abre a cortina dos segredos da antiga cidade de Tel Amarna, que é única em sua arte e religião.”[1]
“O perigo de ser um governante absoluto é que ninguém ousa lhe dizer que o que acaba de decretar não é uma boa ideia”. Estas são as palavras de Barry Kemp, diretor do Amarna Project — uma missão de arqueologia que escavou os sítios arqueológicos de Amarna por mais de três décadas — acerca de Akhenaton, faraó que governou o Egito no final do Novo Império, durante o chamado de Período Amarniano.
Amarna atualmente trata-se de uma cidadezinha, mas na época dos faraós lá floresceu uma capital que existiu por menos de vinte anos: Aketaton.
Akhenaton. Foto: Rena Effendi.
Fundada por Akhenaton, Aketaton foi a primeira cidade planejada do Egito e estima-se que no seu auge abrigou cerca de 30 mil pessoas. O faraó a criou para que além de nova capital do país ela se tornasse um local de paz e harmonia e era isso o que ele descrevia em seus textos. Contudo, a realidade apresentada pela arqueologia feita na região mostrou um quadro bastante diferente: enquanto a elite vivia em pleno luxo, a população comum sofria com os trabalhos pesados e a má alimentação. É isto o que o texto “Akhenaton: o primeiro revolucionário do Egito”, publicado pela revista National Geographic de maio (2017) nos traz.
O repórter Peter Hessler faz um resumo das análises de bioarqueologia realizadas com os corpos de pessoas comuns que foram sepultadas em dois dos quatro cemitérios da cidade e os dados mostram um quadro alarmante: o estudo do maior cemitério constatou que 70% dos indivíduos inumados lá morreram antes dos 35 anos e mais de um terço não alcançou nem os 15 anos. No segundo, que possuía 135 indivíduos, 92% das pessoas não tinham mais de 25 anos e a maioria possuía entre 7 e 15 anos na época em que faleceram.
Talatats. Foto: Rena Effendi.
A média de vida no Egito Antigo era curta[1], mas tantas pessoas falecendo tão jovens é preocupante, principalmente por conta das marcas de excesso de trabalho e de anemia severa (ROSE, 2006).
Akhenaton é uma figura única na história do Egito e como tal inspira várias pessoas da atualidade. Não é novidade alguma que governos ou grupos sociais utilizem artefatos ou figuras históricas como discurso (FUNARI, 2006) e Akhenaton não poderia fugir a essa regra. Esse é outro ponto abordado na matéria e com muito mais ênfase. Aqui ele é definido como o primeiro revolucionário, embora não exista um acordo entre arqueólogos de que ele de fato tenha sido um. Também temos uma brevíssima citação do uso da imagem dele por diferentes movimentos sociais e ideológicos. Cada um com a sua visão do passado, com suas próprias conclusões e igualmente ignorando os trabalhos de arqueologia.
Akhenaton. Foto: Rena Effendi.
Gravei um vídeo para o canal do Arqueologia Egípcia comentando outros pontos dessa matéria, além de esclarecer alguns comentários feitos acerca de Tutankhamon. Segue abaixo:
Já se foi a época em que a National Geographic era uma revista que valia pouco menos de R$ 8,00. Hoje ela custa R$ 20,00. Um reflexo da nossa economia e a falta de interesse do público pela leitura e obras impressas. Abaixo fotos da publicação:
Fotografias complementares:
Crânio encontrado em Amarna. Foto: Rena Effendi.
Barry Kemp. Foto: Rena Effendi.
Reconstituição do sítio arqueológico de Amarna. Foto: Rena Effendi.
Referências bibliográficas:
[1] Health Hazards and Cures in Ancient Egypt. Disponível em <http://www.bbc.co.uk/history/ancient/egyptians/health_01.shtml>. Acesso em 15 de Setembro de 2012.
FUNARI, Pedro Paulo. Arqueologia. São Paulo: Editora Contexto, 2006.
ROSE, Jerome C. Paleopathology of the commoners at Tell Amarna, Egypt, Akhenaten’s capital city. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz (Suppl. II), 2006.
Todas as fotos presentes neste post são de autoria de Fotos: Rena Effendi. As complementares não estão disponíveis na revista.
Na virada do século XIX para o XX, não se sabia muita coisa sobre o Período Amarniano — momento da história egípcia em que além de ocorrer uma mudança da capital do Egito, foi feita uma tentativa da elevação do deus Aton como a divindade principal do panteão egípcio — nem sobre os seus patrocinadores, o casal real Nefertiti e Akhenaton.
Foi aos poucos e com a ajuda de descobertas pontuais — tais como as das estelas fronteiriças da cidade de Aketaton, a tumba de Akhenaton, a KV-55, a tumba de Tutankhamon e os talatats em Karnak — que um quadro dessa época única da história egípcia começou a ser formado. Contudo, apesar dos esforços dos arqueólogos egiptólogos, muitos acontecimentos não estão claros.
O primeiro são as circunstâncias em que Akhenaton assumiu o poder: o trono estava destinado ao seu irmão mais velho, Tutmés, mas o herdeiro faleceu quando criança. Akhenaton, que na época chamava-se Amenhotep IV, virou o principal na linha de sucessão. Em 2014, foi anunciado que dentro de uma capela pertencente a um vizir chamado Amenhotep Huy (Capela 28), em Luxor, a equipe do Proyecto Visir Amen-Hotep Huy encontrou uma prova da co-regencia entre o rei Amenhotep III e o príncipe regente Amenhotep IV. Porém, não se sabe se Amenhotep III ainda estava vivo quando o filho saiu de príncipe regente para faraó de fato.
Akhenaton, Nefertiti e três das suas seis filhas. Foto: Wikimedia Commons.
O segundo é a origem da Grande Esposa Real Nefertiti: tem quem crê que ela era uma princesa mitanni que ao chegar ao Egito para casar com o príncipe Amenhotep IV mudou de nome, passando a se chamar Nefertiti — que significa “A bela chegou” —. Outra teoria tem a ver com a sua própria ama-de-leite, Ty; alguns acadêmicos acreditam que ela não era somente sua ama, mas sim a sua mãe. Ty era esposa de Ay, homem que com a morte do rei Tutankhamon viria a se tornar faraó (Imagem).
Primeiros anos de reinado: Aton e a mudança para Aketaton
É certo que quando o até então Amenhotep IV e a Nefertiti assumiram o trono eles moravam em Tebas, onde edificaram em Karnak um templo votivo a Aton. Foi lá onde tiveram suas três primeiras filhas: Meritaton, Meketaton e Ankhesenpaaton. Embora muitas pessoas acreditem que as “raízes” para o culto a Aton na realeza tenha surgido através desse casal ou mesmo que esse deus foi inventado por eles, em verdade essa divindade é antiga, sendo uma das formas de Rá. Em complemento, os primeiros sinais da “revolução” [1] amarninana já estão presentes durante o governo de Amenhotep III e Tiye, pais de Akhenaton.
Nefertiti, Akhenaton e uma de suas filhas prestando homenagens a Aton. Foto: Wikimedia Commons.
Não se sabe os motivos que levou Akhenaton a abandonar Tebas, mas é fato que ele saiu de lá e foi viver em um local deserto, onde criou uma nova cidade que denominou como “Aketaton” (Horizonte de Aton) e lhe deu o título de capital do Egito (BAINES; MALEK, 2008).
Bill Munane, pesquisador da Universidade de Menphis, em uma entrevista a National Geographic, explicou que “Akhenaton não diz com todas as letras o que aconteceu, mas foi algo que o enfureceu” e finalizou com “ele disse que nem ele nem seus ancestrais jamais haviam passado por algo pior” (GORE, 2001).
Aketaton seria um novo começo, mas, que precisava crescer logo. Então os engenheiros do rei tomaram uma medida drástica: as casas seriam construídas com adobe, a exemplo do restante do país. Porém, os templos, em vez de ser construídos com as usuais pedras de calcário, seriam edificados com pequenas pedras de areníticas, cortadas com cerca de 50x25x23 centímetros. São os chamados atualmente de talatats (“três” em árabe, devido ao seu tamanho de três palmos) (STROUHAL, 2007; BAINES; MALEK, 2008).
Exemplo de talatat. Nele está representado Akhanton realizando oferendas a Aton e recebendo a sua proteção.
Por ser de fácil transporte e manuseio, os talatats permitiram que os principais prédios da cidade estivessem aptos para o uso quando Akhenaton foi morar lá.
O local tinha como principal acesso o Rio Nilo e a planície em que a cidade foi edificada é inteiramente cercada por uma cadeia rochosa. A parte central de Aketaton era composta pelos chamados atualmente de Grande Templo e o Grande Palácio, que tinha acesso à residência de Akhenaton através de uma ponte (BAINES; MALEK, 2008).
A cidade não durou muito tempo após a morte do rei, sendo abandonada totalmente menos de vinte anos depois de Akhenaton falecer (BAINES; MALEK, 2008).
A Arte Amarniana:
Não foi somente a capital do país que mudou, mas as convenções artísticas também. Em Aketaton os desenhistas tiveram a liberdade e ir além das convenções artísticas rígidas da época, podendo representar a família real e seus súditos exercendo diferentes atividades (inclusive de cunho mais pessoal), registrando-os com mais leveza em seus movimentos (BRANCAGLION Jr., 2001). Os escultores também beberam dessa novidade realizando moldes de rostos e esculpindo estátuas mais realistas, prezando pela identidade dos clientes (O’CONNOR et al, 2007; STROUHAL, 2007).
Nefertiti. Foto: Wikimedia Commons.
Porém, não é somente a liberdade artística a característica marcante da arte amarniana. Tanto nos desenhos parietais, como nas esculturas é possível encontrar detalhes excêntricos onde a família real e algumas pessoas do seu séquito foram representados com crânios exageradamente alongados e pelve e coxas grossas.
Esse tipo de representação levantou uma série de questionamentos nas últimas décadas, resultando em propostas de que Akhanaton, Nefertiti e suas filhas teriam sofrido de uma patologia terrível. Contudo, além do fato de existir imagens deles representados “normais”, os exames realizados nos remanescentes ósseos desse período, mais especificamente de parentes próximos da família e no suposto corpo de Akhenaton, não apontam nenhuma deformação.
Nefertiti e Akhenaton. Foto: Wikimedia Commons; Guillaume Blanchard.
A morte de Nefertiti e de Akhenaton:
Um dos temas da Egiptologia que mais gera controvérsias é a época da morte de Nefertiti. Convencionou-se, por muitos anos, a se dizer que ela morreu no 14ª de reinado de Akhenaton (GRIMAL, 2012). Contudo, a descoberta de uma pequena inscrição em uma pedreira de calcário datada do 16ª ano de reinado de Akhanaton indica que ela ainda estava viva [2]. Isso só fez fomentar a suposição de alguns egiptólogos de que ela teria sobrevivido ao marido e reinado como uma faraó chamada Ankhkheperurá (REEVES, 2008; ALLEN, 2009). Uma proposta que, todavia, está mais no campo da especulação.
Assim como muitos corpos desse período, a múmia de Nefertiti ainda não foi encontrada ou identificada, apesar das várias tentativas de busca por parte de alguns pesquisadores tais como Zahi Hawass, Joann Fletcher e Nicholas Reeves.
Já Akhenaton, sabemos que ele faleceu no 17ª ano de reinado. Com sua morte ele foi precedido por Smenkhará e provavelmente depois por Ankhkheperurá (ou vice-versa) (REEVES, 2008; ALLEN, 2009). Sua tumba foi encontrada em Amarna e os restos do seu sarcófago de pedra encontra-se no Museu Egípcio do Cairo. Contudo, o seu corpo não foi identificado com 100% de certeza. Arqueólogos que trabalharam na busca dos parentes do faraó Tutankhamon através de análises de DNA entre 2007 e 2009 acreditam que os remanescentes ósseos descobertos da KV-55, dentro de um ataúde com o nome apagado, seria ele. Mas essa não é uma certeza absoluta. Porém, caso esses ossos tenham outrora sido Akhenaton então, de acordo com esses mesmos exames de DNA, ele foi pai de Tutankhamon (HAWASS et al, 2010).
Sarcófago de Akhenaton. Foto: Wikimedia Commons.
Poucos anos após a morte de ambos, durante o reinado do faraó Horemheb, teve início uma campanha para apagar seus nomes e os dos seus sucessores (inclusive Tutankhamon e Ay) das paredes dos templos de Karnak, além do desmantelamento gradual da cidade de Aketaton. Porém, isso não foi o bastante: a arqueologia cada vez mais tem conseguido organizar os passos de ambos e os acontecimentos desse período único na história do Egito.
Para saber mais: Em meu livro, “Uma viagem pelo Nilo”, dedico um capítulo, “A análise dos talatats de Akhenaton”, para tratar da descoberta dos talatats do templo de Akhenaton em Karnak. Também apresento os principais acontecimentos dessa época em relação a mudança da capital.
Referências bibliográficas:
[1] As atuais pesquisas acerca desse período estão discutindo que os acontecimentos patrocinados por esse casal não possuem uma característica de uma revolução, mas sim, um golpe de estado.
[2] Dayr al-Barsha Project featured in new exhibit ‘Im Licht von Amarna’ at the Ägyptisches Museum und Papyrussammlung in Berlin. Disponível em < http://www.dayralbarsha.com/node/124 >. Acesso em 21 de dezembro de 2012.
[3] Algo que é bastante questionável já que observando o contexto da época é possível encontrar aspectos dos demais deuses, mesmo em Aketaton.
ALLEN, James. “The Amarna Succession”. In: BRAND, Peter; COOPER, Louise. Causing his Name to Live: Studies in Egyptian Epigraphy end History in Memory of William J. Murnane. Netherlands: Koninklijke Brill (Brill Academic Publishers), 2009.
BAINES, John; MALEK, Jaromir. Deuses, templos e faraós: Atlas cultural do Antigo Egito (Tradução de Francisco Manhães, Maria Julia Braga, Michael Teixeira, Carlos Nougué). Barcelona: Folio, 2008.
BRANCAGLION Jr., Antonio. Tempo, material e permanência: o Egito na coleção Eva Klabin Rapaport. Rio de Janeiro: Casa da Palavra – Fundação Eva Klabin Rapaport, 2001.
GORE, Rick. Os faraós do sol. National Geographic Brasil, São Paulo, Abril. 2001.
GRIMAL, Nicolas. História do Egito Antigo (Tradução Elza Marques Lisboa de Freitas). Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.
O’CONNOR, D.; FORBES, D.; LEHNER, M. Grandes civilizações do passado: terra de faraós. Tradução de Francisco Manhães. 1ª Edição. Barcelona: Ed. Folio, 2007.
STROUHAL, Eugen. A vida no Antigo Egito (Tradução de Iara Freiberg, Francisco Manhães, Marcelo Neves). Barcelona: Folio, 2007.
REEVES, Nicholas. The Complete Tutankhamun. London: Thames & Hudson, 2008.
Nos muitos livros e revistas dedicados a falar sobre a civilização egípcia sempre nos deparamos com a afirmativa de que o Egito só prosperou por conta das cheias do Nilo. Entretanto, raramente somos alertados de que para que elas pudessem ser aproveitadas de forma satisfatória canais foram construídos para distribuir a água e permitir o transporte de pessoas, animais, alimentos e matérias-primas por todo o país, assim como barragens de contenção eram utilizadas para evitar que as fortes cheias invadissem as residências.
Fora que é um pensamento muito simplista considerar que a arquitetura, independente da época, tem como única finalidade edificar abrigos ou edifícios belos. Ela, acima de tudo, é algo proposital, ou seja, independentemente do tamanho da obra, o seu planejamento necessitou de toda uma organização humana. Por esse motivo, não se pode ignorar que ela pode ser capaz de influenciar na percepção das pessoas em relação a uma determinada cultura, religião, figura política, etc.
Abaixo, compartilho um vídeo que gravei para o canal do Arqueologia Egípcia no Youtube (clique aqui para se inscrever) onde dou alguns exemplos do uso da Arquitetura como uma ferramenta de poder e como um discurso religioso. Também apresento alguns tipos de moradias e falo sobre a construção de túmulos:
Quando pensamos no Egito Antigo, não é incomum lembrarmos imediatamente das pirâmides ou dos túmulos do Vale dos Reis, como se a Arquitetura egípcia tivesse sido desenvolvida única e exclusivamente para atender a morte e o suposto fascínio que os egípcios possuíam por temas de cunho funerário. Resumir toda uma população de uma civilização que existiu por milênios a suposição de que todos eram indivíduos melancólicos ou obcecados com a ideia da morte é um erro. Atualmente é reconhecido que essas pessoas estavam mais interessadas em perpetuar a vida e tentar evitar a inevitável morte.
Imagem 1: Pirâmide em Deir el-Medina. Foto: WILDUNG, 2009.
Assim, a perspectiva de que através de ritos, amuletos e da própria arquitetura seria possível dar uma chance ao falecido de ingressar em um novo ambiente – uma pós vida – foi vista com muita consideração. No entanto, paralelamente a ideia de eternidade, foi um pensamento comum o de que uma vez que a vida após a morte seria infinita, não teria cabimento que o corpo do morto e a sua tumba fossem finitos. Por este motivo foi que a arquitetura tumular fez uso de matérias primas mais resistentes tais como pedras calcárias ou granito, enquanto que casas eram feitas com tijolos de barro.
Imagem 2: Cena disponibilizada pela Edições Del Prado, uma editora especialista em venda de modelos colecionáveis. Confira aqui outras imagens!
Seguindo um principio parecido era os templos egípcios, ao menos os principais, tais como os de Karnak, Luxor, Abu Simbel, etc.
Imagem 3: Foto aérea do templo de Karnak. Foto: National Geographic.
E ainda temos, claro, as moradias tanto das pessoas da realeza, como daquelas de fora dela. Em ambos os casos os materiais mais comuns utilizados foi o adobe e é exatamente por isso que não possuímos nenhuma amostra desse tipo de edificação totalmente de pé. Contudo, os antigos egípcios nos brindaram com uma extensa iconografia e muitas maquetes, algumas das quais utilizei como base para construir os modelos que apresento no vídeo que abre essa postagem.
Imagem 4: Representação de uma casa do Período Faraônico. Foto: STROUHAL, 2007.
Imagem 5: Reprodução de casa do Peíodo Faraônico.
Arquitetura egípcia é um tema muito amplo e que planejo retomar muito em breve apontando casos mais específicos. Lembrando que lá no canal já falei, por exemplo, do templo de Ramsés II em Abu Simbel. Clique aqui e assista.
Fontes:
BAINES, John; MALEK, Jaromir. Deuses, templos e faraós: Atlas cultural do Antigo Egito (Tradução de Francisco Manhães, Maria Julia Braga, Michael Teixeira, Carlos Nougué). Barcelona: Folio, 2008.
DODSON, Aidan. As Pirâmides do Antigo Império (Tradução de Francisco Manhães, Maria Julia Braga, Carlos Nougué). Barcelona: Folio, 2007.
KEMP, B. El Antiguo Egipto: Anatomía de uma civilización. Tradução de Mònica Tusell. Barcelona: Ed. Crítica, 1996.
STROUHAL, Eugen. A vida no Antigo Egito (Tradução de Iara Freiberg, Francisco Manhães, Marcelo Neves). Barcelona: Folio, 2007.
ZARANKIN, Andrés. Arqueología de la Arquitectura: modelando al individuo disciplinado em la sociedad capitalista. Revista de Arqueologia Americana. n. 22, 2003; p. 25-39.
WILDUNG, Dietrich. O Egipto: da pré-história aos romanos (Tradução de Maria Filomena Duarte). Lisboa: Taschen, 2009.
Abaixo imagens do objeto, que estava levemente danificado quando foi encontrado:
Imagens da estatueta de Ankhesenamon recuperada meses após seu roubo. Disponível em < https://www.facebook.com/ media/set/?set=a.745520428811354. 1073741863. 648057078557690&type=1 >. Acesso em 09 de dezembro de 2013.
Imagens da estatueta de Ankhesenamon recuperada meses após seu roubo. Disponível em < https://www.facebook.com/ media/set/?set=a.745520428811354. 1073741863. 648057078557690&type=1 >. Acesso em 09 de dezembro de 2013.
Imagens da estatueta de Ankhesenamon recuperada meses após seu roubo. Disponível em < https://www.facebook.com/ media/set/?set=a.745520428811354. 1073741863. 648057078557690&type=1 >. Acesso em 09 de dezembro de 2013.
Imagens da estatueta de Ankhesenamon recuperada meses após seu roubo. Disponível em < https://www.facebook.com/ media/set/?set=a.745520428811354. 1073741863. 648057078557690&type=1 >. Acesso em 09 de dezembro de 2013.
A princesa Ankhesenpaaton foi uma das herdeiras de Akhenaton. Ao abandonar a cidade idealizada por seu pai trocou seu nome por “Ankhesenamon”. Foi casada com o faraó Tutankhamon.
Dentre os artefatos roubados estava uma estatueta de uma das filhas de Akhenaton, identificada como Ankhesenpaaton (futura Ankhesenamon), um dos objetos mais famosos da coleção:
Estatueta de uma das filhas do faraó Akhenaton roubada do Museu de Mallawi em 14 de agosto de 2013. Imagem disponível em < https://www.facebook.com/photo.php?fbid=675137912516273&set=a. 675090315854366.1073741831. 648057078557690&type=3&theater >. Acesso em 14 de agosto de 2013.
Ao longo dos meses, com o auxilio da INTERPOL, mais da metade dos objetos saqueados já tinham sido recuperados (800 no total), exceto a estatueta amarniana. No entanto, hoje (08 de dezembro de 2013), foi confirmada a notícia de que este artefato finalmente foi encontrado, mas não foi divulgado onde ele estava.
Na ocasião da invasão do Museu de Mallawi, além das perdas físicas, um guarda que tentava proteger o local foi assassinado.
Nefertiti é uma das figuras mais icônicas para os (as) fãs do Antigo Egito e é tomada por muitos (as) como um exemplo da beleza egípcia antiga graças ao seu busto encontrado em 06 de dezembro de 1912 no ateliê do artista Tutmés, em Aketaton (atual Amarna).
Nefertiti. Fonte da imagem AFP. Disponível em <http://www.google.com/hostednews/afp/article/ ALeqM5hdhUI4kP9k3k4OlCPPxsxKIKID_Q>. Acesso em 02 de Outubro de 2012.
Porém, a curiosidade que trago hoje é acerca das costas do item, uma das partes deste artefato que raramente, ao menos para quem nunca viu esta peça pessoalmente, é possível dar uma olhada:
Costas do busto da rainha Nefertiti. Foto de Teresa Soria Trastoy.
O busto de Nefertiti pode ser visitado atualmente no Neues Museum de Berlim.
Desde 2006, a equipe do Amarna Project tem investigado um cemitério destinado para pessoas não pertencentes a elite de Aketaton, cidade fundada pelo faraó Akhenaton, durante da 18ª Dinastia (Novo Império).
Nos últimos anos eles encontraram seis caixões decorados, cuja maioria possui um formato antropoide. Em suas paredes estão cenas de figuras que fazem oferendas e colunas de textos hieroglíficos, feitos em creamish ou desenhos em amarelo com um fundo escuro, com detalhes adicionados em vermelho e azul.
Estes artefatos são os únicos caixões decorados não pertencentes a realeza encontrados em 100 anos de escavações em Amarna e se constituem por ser uma oportunidade de conhecer as crenças dos cidadãos de Akhetaton. Porém, eles estão extremamente frágeis e deteriorados, para tal necessitam passar por um restauro, para que depois possam ser estudados. Para tal o Amarna Project estão necessitando de doações, para poder tratar estas peças. Abaixo as imagens dos caixões e dos trabalhos da equipe:
Um dos caixões decorados durante a temporada de 2010. Imagem disponível em < http://www.facebook.com/photo.php ?fbid=406815 736006033&set=a.406815146006092. 93723.178713395482936&type=3&theater >. Acesso em 01 de maio de 2013.
Lado de um dos caixões sobre um suporte. Imagem disponível em < http://www.facebook.com/photo.php ?fbid=571722629515342&set=a.406815 146006092.93723.178713395482936& ;type=3&theater >. Acesso em 01 de maio de 2013.
Trabalho de escavação no caixão descoberto em 2011. Imagem disponível em < http://www.facebook.com/photo.php ?fbid=406815822672691&set=a.406815146006092. 93723 .178713395482936&type=3&theater >. Acesso em 01 de maio de 2013.
Julie Dawson, coordenadora do projeto de restauro, retira os detritos e a areia solta de um dos caixões em 2012. Imagem disponível em < http://www.facebook.com/photo.php?fbid=571722799515325&set=a. 406815146006092.93723.178713395482936&type=3&theater >. Acesso em 01 de maio de 2013.
Julie Dawson em maio de 2012. Imagem disponível em < http://www.facebook.com/photo.php?fbid=40 7433795944227&set=a.406815146006092.937263. 178713395482936&type=3&theater>. Acesso em 01 de maio de 2013.
Trabalho de restauro em 2012. Imagem disponível em < http://www.facebook.com/photo.php ?fbid=407433725944234&set=a. 406815146006092.93723.178713395482936& type=3&theater >. Acesso em 01 de maio de 2013.
Trabalho de restauro em 2012. Imagem disponível em < http://www.facebook.com/photo.php ?fbid=406815416006065&set=a. 406815146006092.93723. 178713395482936&type=3&theater >. Acesso em 01 de maio de 2013.
Trabalho de restauro em 2012. Imagem disponível em < http://www.facebook.com/photo.php ?fbid=406815309339409&set=a. 406815146006092. 93723.178713395482936&type=3&theater >. Acesso em 01 de maio de 2013.
Trabalho de restauro em 2013. Imagem disponível em < http://www.facebook.com/photo.php ?fbid=571722389515366&set=a. 406815146006092.93723.1 78713395482936&type=3&theater >. Acesso em 01 de maio de 2013.
Este busto foi encontrado no dia 06 de dezembro de 1912 no ateliê do artista Tutmés, em Aketaton, acompanhado por outras imagens igualmente realistas tanto da rainha Nefertiti como de alguns cidadãos da corte de Akenaton, os quais a identidade é desconhecida.
Nefertiti. Fonte da imagem AFP. Disponível em <http://www.google.com/hostednews/afp/article/ ALeqM5hdhUI4kP9k3k4OlCPPxsxKIKID_Q>. Acesso em 02 de Outubro de 2012.
Alguns pontos para a observação:
(1) O núcleo da imagem é feita em pedra calcária onde foi esculpido um rosto rebuscado da rainha e que foi coberto por uma camada de gesso, que serviu para retocar a imagem áspera e como a base para a tinta que imita a cor da pele e os adereços da rainha. No objeto não existe uma identificação nominal que indique que seja Nefertiti, mas o que a identifica como tal é a sua “Coroa Azul”, amplamente utilizada por esta governante.
(2) Outrora na parte frontal da “Coroa Azul” existia uma ureus, uma naja que simbolicamente protegia a divindade (neste caso a Nefertiti). Tanto a serpente, como parte das orelhas e a parte de trás da coroa foram danificadas devido o passar dos séculos.
(3) O olho esquerdo da rainha é inexistente, mas isto não aponta uma deficiência. Teorias já foram levantadas para tentar justificar a ausência deste olho, uma delas é de que ele não teria sido posto no lugar devido a pressa em se abandonar Amarna (embora seja bem possível que com os reinados de Smenkhará e Tutankhamon o abandono tenha se dado de forma gradual e não imediato) ou de forma proposital, uma vez que o busto só seria uma escultura utilizada como modelo no lugar da rainha quando a presença dela não fosse possível no momento de se fazer outras imagens.
(4) Dependendo de que forma o busto é iluminado é possível ver as rugas da governante, principalmente próximo aos olhos e na área das bochechas, o que faz jus a definição de “realista”, quando definimos alguns dos momentos da arte amarniana.
I Encontro de Egiptologia do Grupo de Pesquisa de Historiografia do Mundo Antigo
Os estudos sobre a religião do Egito antigo vêm se constituindo em uma das áreas de maior interesse de pesquisadores nacionais e internacionais da área de História antiga pelo seu caráter inovador. A divulgação de trabalhos de pesquisadoras de ponta de nosso país junto à comunidade acadêmica e não acadêmica, por meio de um curso de 4 horas, fomentará junto aos discentes e membros da população a possibilidade de desenvolvimento de monografias e pesquisas e a ampliação do interesse de uma cultura do passado extremamente rica. Além do mais, há uma grande carência de informações acadêmicas sobre a sociedade e cultura do Egito, divulgadas, por diversas ocasiões, em cursos de qualidade duvidosa e sem a devida qualificação acadêmica de ministrantes.
I Encontro de Egiptologia do Grupo de Pesquisa de Historiografia do Mundo Antigo
Local de realização: Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista (Bahia).
Instituição executora: UESB – Departamento História
Coordenação: Prof. Dr. Alexandre Galvão Carvalho (Prof. Adjunto do Departamento de História da UESB).
Equipe executora: André Effgen, Lívia Sigliani, Thales, Glauber Soares, Francine Barreto (Graduandos do curso de História da UESB)
Início: 14 de novembro, 14:00h (credenciamento à partir das 12:00h)
Término: 14 de novembro 18:00h
Carga horária: 6 horas
INSCRIÇÕES LIMITADAS: DH-UESB (Departamento de História) ou baixando a ficha de inscrição clicando aqui e enviando para o e-mailencontroegiptologiavca@gmail.com
Mini Curso:
#ASPECTOS DA RELIGIÃO EGÍPCIA: O TEMPLÁRIO, O FUNERÁRIO E O CASO DE AMARNA.
Ministrantes: Profa. Doutoranda Gisela Chapot (UFF) e Profa. Doutouranda Maria Thereza D. João (USP)
Atividade cultural:
André Effgen (Tenor dramático) e Pablo Fornasari (Piano) – Arias e canções de câmara.