Quando a arte se assemelha a vida: hipopótamo no Egito Antigo

Por Márcia Jamille Costa | @MJamille

O Museu Egípcio do Cairo, um dos maiores museus de antiguidades egípcias do mundo, está há anos exibindo uma peça fascinante que nos transporta para o Antigo Egito, ou melhor, a natureza do Antigo Egito. Trata-se de um hipopótamo de faiança azul, datado do Segundo Período Intermediário, que nos revela detalhes fascinantes sobre a vida e a arte dessa antiga civilização.

Hipopotamo. Foto: Roddy Smith.

Essa figura representa um dos animais mais emblemáticos e reverenciados do Antigo Egito, simbolizando a fertilidade e proteção. E a escolha da cor azul, associada não só à água do Nilo, mas ao próprio fato de a cor azul ter sido sagrada, mostra a grande importância desse rio para a civilização egípcia. Mas, o detalhe fascinante está no corpo do animal, onde desenhos retratam flores com um pássaro pousado sobre ela. Essa imagem vai além da simples representação artística, revelando uma interação entre duas espécies diferentes, que ocorre também na natureza.

Imagem: Série Coleção Folha Grandes Museus do Mundo: Museu Egípcio do Cairo. Folha de São Paulo. 2009.

A presença do pássaro sobre a flor remete a uma visão comum na natureza. Além disso, a flor representada no desenho é um elemento frequente nos pântanos do Nilo, habitat habitual dos hipopótamos. Paralelamente, é igualmente comum observar pássaros pousando nas costas dos hipopótamos para se alimentarem dos carrapatos presentes em sua pele. Essa relação simbiótica, retratada na peça, evidencia a observação dos antigos egípcios sobre a natureza e suas interações. Portanto, podemos estar diante da combinação desses dois cenários. Incrível, não é mesmo? Saiba mais sobre esse artefato no vídeo abaixo:

Fontes das imagens:

Einaudi, S. Série Coleção Folha Grandes Museus do Mundo: Museu Egípcio do Cairo. Rio de Janeiro. Folha de São Paulo. 2009. PP 64