Novas descobertas arqueológicas no Cairo apontam para um templo de Ramsés II

Por Márcia Jamille | @MJamille | Instagram

Uma equipe de Arqueologia composta por pesquisadores egípcios e alemães encontrou em um sítio arqueológico em Matariya (vide mapa), no Cairo, novos [1] dados que sugerem a existência de um templo pertencente ao faraó Ramsés II, que reinou durante a 19º Dinastia (Novo Império) [2].

O Dr. Mahmud Afifi, coordenador do setor de antiguidades egípcias do Ministério das Antiguidades do país, apontou que essas evidências foram descobertas por acidente cerca de 450 metros a oeste do Obelisco de Senusret I, o maior monumento preservado da antiga cidade Iunu (chamada entre os gregos de “Heliópolis”) [2].

Foto: Wikimedia Commons (user:Neithsabes).

Mais artefatos relacionados ao rei ramsessida foram descobertos a norte desta área e neles ele é identificado como Paramessu, que, a título de curiosidade, foi o antigo nome do seu avô, Ramsés I.

Nomes de Ramsés II. Foto: MSA.

O pesquisador alemão Dietrich Raue, o co-diretor do projeto, explicou que eles também estão escavando e analisando casas e oficinas do Período Ptolomaico (332 a.C.- 30 d. E. C.), época em que os gregos passaram a viver no Egito. Nesta mesma área se encontra o Templo Solar de Heliópolis, dedicado ao deus Rá, uma das maiores divindades do país na época. Infelizmente, muitos dos seus blocos e obeliscos foram saqueados durante o Período Romano e nas dinastias muçulmanas e utilizados para construir edifícios na antiga Roma, Alexandria e Cairo [3].

Imagem encontrada no sítio. Foto: MSA.

Iunu: a cidade sagrada

Conhecida entre dos gregos como Heliopolis (Helios “Sol” + Polis “Cidade”) e chamada na Bíblia de On, a cidade de Iunu possuía templos de destaque dedicados ao deus Rá, Rá-Aton/ Rá-Harakhty. Ela foi considerada um dos locais mais notáveis do ponto de vista religioso, sendo destacada por sua importância na organização da história religiosa e política do país (BAINES; MALEK, 2008). Isso tem relação com a chamada “cosmogonia heliopolitana”, um dos antigos mitos da criação egípcio que aponta Atum (uma das formas do deus Sol) como surgido do Num (oceano primordial) sob um monte de terra (o Benben) na própria Iunu (LESKO, 2002).

Fontes:

[2] Unos bloques enormes excavados en el barrio de Matariya muestran al célebre rey egipcio venerando a una divinidad. Disponível em < http://www.nationalgeographic.com.es/historia/actualidad/hallan-vestigios-templo-ramses-noreste-cairo_10733/3 >. Acesso em 28 de setembro de 2016.

[3] Arqueólogos descubren indicios de un templo de Ramsés II en El Cairo. Disponível em < http://www.abc.es/cultura/arte/abci-arqueologos-descubren-indicios-templo-ramses-cairo-201609271959_noticia.html >. Acesso em 28 de setembro de 2016.

[4] Descubren nuevas evidencias de un templo de Ramses II en un barrio de El Cairo. Disponível em < https://es.noticias.yahoo.com/descubren-evidencias-templo-ramses-ii-barrio-cairo-171839076.html >. Acesso em 28 de setembro de 2016.

New discovery in Matariya points to a King Ramses II temple. Disponível em < http://english.ahram.org.eg/NewsContent/9/40/244730/Heritage/Ancient-Egypt/New-discovery-in-Matariya-points-to-a-King-Ramses-.aspx >. Acesso em 28 de setembro de 2016.

BAINES, John; MALEK, Jaromir. Deuses, templos e faraós: Atlas cultural do Antigo Egito (Tradução de Francisco Manhães, Maria Julia Braga, Michael Teixeira, Carlos Nougué). Barcelona: Folio, 2008.

LESKO, Leonard. “Cosmogonias e Cosmologia do Antigo Egito”. In: SHAFER, Byron; BAINES, John; LESKO, Leonard; SILVERMAN, David. As religiões no antigo Egito (Tradução de Luis Krausz). São Paulo: Nova Alexandria, 2002.


[1] Já se conheciam restos de edificações neste lugar.