O arqueólogo Zahi Hawass revelou que nos próximos dias anunciará uma grande descoberta arqueológica. De acordo com o Youm7, esta afirmativa foi dada durante uma turnê com estudantes de escolas e universidades por alguns sítios arqueológicos egípcios. Ele não deu detalhes sobre o assunto, mas demonstrou entusiasmo ao mencionar que a equipe responsável pela descoberta é 100% egípcia. Todas as grandes descobertas arqueológicas no Egito, até então, foram realizadas por equipes mistas estrangeiras.
E só rememorando: desde janeiro (2018) uma equipe de arqueologia liderada por ele está procurando por uma tumba no Vale Oeste (também chamado de Vale dos Macacos), uma área mais periférica do Vale dos Reis. E de acordo com a notícia, o grande anuncio tem relação com esta pesquisa. Saiba mais através do vídeo abaixo:
O arqueólogo também esclareceu que fundou o Zahi Hawass Center of Egyptology afiliado à Biblioteca de Alexandria para inspirar crianças egípcias a conhecer mais sobre o seu passado. E também fez um apelo aos pais, pedindo que os incentive a ler.
Muitas pessoas acessam este site e curiosas não só sobre a Antiguidade egípcia, mas igualmente sobre os profissionais que trabalham estudando o passado do Egito.
Dentre eles alguns possuem interesse financeiro, vendo na Egiptologia a esperança de que ela poderá ser uma futura profissão. Contudo, no Brasil não existe uma cadeira para ela e os estudantes interessados em seguir a área precisam realizar verdadeiros malabarismos para conseguir realizar seus sonhos.
Historiador especialista em Egito Antigo, Julio Gralha, em palestra em Aracaju (SE). 2017
Há alguns meses me encontrei com professor Júlio Gralha, historiador especialista em Egito Antigo, e o entrevistei. Na nossa conversa falamos sobre alguns dos passos para se trabalhar com antiguidade egípcia no nosso país e algumas curiosidades sobre essa milenar civilização.
Veja como foi o nosso encontro no vídeo abaixo:
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O Egito Antigo é alvo de muito fascínio ao redor do mundo. Diferentes pessoas advindas de diferentes culturas sempre se encantam pela terra dos faraós e consomem diversos materiais sobre o tema. Entretanto, entre alguns o amor a esta antiga civilização vai além e vira o desejo de se tornar uma profissão.
Existe uma disciplina chamada Egiptologia, que trata do estudo do passado egípcio (dando maior destaque aos períodos anteriores a dominação romana). Sumariamente europeia, ela nasceu após a invasão napoleônica em 1798, sendo desenvolvida após a decifração dos hieróglifos egípcios por Jean-François Champollion (1790-1832). Foram então os franceses e paralelamente os ingleses quem, a priori, monopolizaram os estudos do passado egípcio seja possuindo as maiores cadeiras de Egiptologia, ou comandando as principais missões de Arqueologia do país. O Serviço de Antiguidades por exemplo, que atualmente atende por Supremo Conselho de Antiguidades (e que está dentro do Ministério das Antiguidades) foi criado em 1858 e até 1953 sua direção esteve nas mãos de franceses.
Mas, com os últimos desenvolvimentos da disciplina o comando do estudo da Egiptologia tem saído da Europa e ido para potências americanas tais como Estados Unidos e Canadá e orientais, a exemplo do Japão. E somado a isto está o investimento em educação por parte de países em desenvolvimento, levando cada vez mais jovens a se interessar em seguir o seu sonho em uma carreira na Egiptologia.
Egiptólogos em ação.
Contudo, para aqueles que vivem em países que não possuem uma cadeira na área, a exemplo do Brasil, seguir esse interesse profissional está mais para um sonho do que realidade. Isto porque não dependem somente de fatores sociais, mas de professores disponíveis ou dispostos a orientar. Assim, é possível entender a pressão para que o aluno procure por universidades estrangeiras.
Ainda demorará alguns anos para que o Brasil tenha uma cadeira em Egiptologia. Felizmente alguns passos já estão sendo dados como a realização de cada vez mais cursos de extensão e palestras voltadas não só para acadêmicos, mas também para o público curioso. Assim como mais conclusões de cursos defendidas, artigos publicados e o mais notável: trabalhos que estão saindo do eixo Rio de Janeiro/São Paulo. Sem contar as participações em escavações em sítios arqueológicos egípcios (neste caso para quem tem interesse na Arqueologia).
O estudante brasileiro em uma graduação ou em um mestrado interessado em trabalhar de forma acadêmica o Egito Antigo encontrará várias dificuldades em seu caminho. E certamente no futuro não trabalhará diretamente na área, dependendo assim da sua formação base como historiador ou arqueólogo. É a realidade pura e simples. Alguns tentaram realizar o seu sonho e outros desistirão por conta das dificuldades financeiras, ou da ausência de apoio por parte da família ou mesmo de seus próprios pares.
Parece que estou criando um cenário pessimista, mas, o que eu quero realmente com este texto é que vocês estudantes mantenham os pés no chão. Nos últimos anos pessoas na TV e na internet têm tentado nos vender a ideia de que se você for perseverante e trabalhar duro conseguirá realizar os seus sonhos. Entretanto, existe certa mentira aí. Sonhos não se realizam somente com suor e lágrimas, infelizmente necessitam também de capital e suporte dos pares. Sem contar os muitos “nãos” no meio do caminho. Por isso, caso queira se aventurar em estudar academicamente o Egito Antigo no Brasil lembre-se que terá que tratar com diferentes situações a curto ou a longo prazo desde dificuldades financeiras a ausência de auxílio.
Mesmo sabendo disso você quer tentar? Se sua resposta é “não” nós que estamos nesta batalha há mais tempo entendemos totalmente. O meio acadêmico não é fácil o por vezes pode ser um território tóxico. Mas, se for sim: bem-vindo! Você possivelmente passará por momentos ruins, mas tente ter um grupo de apoio. O meu está sendo a minha família, alguns amigos e professores. Qual seria o seu?
Para saber mais:
No canal do Arqueologia Egípcia existe uma playlist onde respondo questões dos leitores. Já respondi algumas relacionadas com a Egiptologia. Se for do seu interesse clique aqui para assistir ou veja abaixo:
A Past Preservers está contratando profissionais da Egiptologia, residentes nos EUA, para a produção de séries sobre a história e religião do Egito Faraônico. A procura é por pesquisadores que tenham interesse ou experiência como apresentadores.
Deus Anúbis no templo do faraó Seti I, em Abidos. Fonte da imagem: DODSON, Aidan. As pirâmides do Antigo Egito (Tradução de Francisco Manhães, Maria Júlia Braga, Carlos Nougué). Barcelona: Folio. 2007. p. 20.
Os interessados devem preencher um formulário com as informações de acordo com esta página e enviar para o e-mail casting@pastpreservers.com. Nele obrigatoriamente devem ser anexadas fotografias do interessado, cópia atual do Currículo Vitae e um vídeo clipe disponível para a visualização no YouTube.
Livro “Tecnologias 3D: Desvendando o passado, modelando o futuro”. 2013.
Será lançado este mês o livro “Tecnologias 3D: Desvendando o passado, modelando o futuro”, que conta com a participação do egiptólogo brasileiro Prof. Dr. Antonio Brancaglion Junior.
Existe uma versão anterior deste livro, o “Tecnologias 3D: paleontologia, arqueologia, fetotologia” (2008), porém com temas e debates diferentes.
O lançamento ocorrerá na Livraria da Travessa, Shopping Leblon, no dia 19 de Dezembro, quarta-feira, às 19h00. No evento o professor dará a palestra “Egiptologia 3D”.
Endereço:
Avenida Afrânio de Melo Franco, 290/loja 205A
Leblon
Rio de Janeiro (RJ)
(21) 3138.9600
O Boletim Informativo dos Amigos da Egiptologia (BIAE) é uma publicação eletrônica e gratuita de caráter científico. Sua periodicidade é trimestral e tem como objetivo a difusão em castelhano do conhecimento do antigo Egito, assim como a divulgação de notícias de relevância, novidades editoriais ou como estão as pesquisas (Texto retirado da página da BIAE).